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Crise na Bolívia

Bachelet propõe comissão internacional para negociar crise entre governo e oposição

O presidente boliviano Evo Morales (à dir.), a presidente do Chile Michelle Bachelet (centro) e o primeiro-ministro chileno Alejandro Foxley (à esq.) debatem o destino da Bolívia, em Santiago | Roberto Candia / Reuters
O presidente boliviano Evo Morales (à dir.), a presidente do Chile Michelle Bachelet (centro) e o primeiro-ministro chileno Alejandro Foxley (à esq.) debatem o destino da Bolívia, em Santiago (Foto: Roberto Candia / Reuters)

Reunidos em um encontro extraordinário da União das Nações Sul-americanas (Unasul) para tratar da crise na Bolívia, nove presidentes reafirmaram na segunda-feira (15) seu apoio ao presidente boliviano Evo Morales e reconheceram a integridade do território do país. Foi um recado à oposição de que os países na região não irão apoiar a separação de partes da Bolívia, como querem alguns departamentos mais ricos. O ministro das Relações Exteriores do Chile, Alejandro Foxley, afirmou que a presidente pró-tempore da Unasul, Michelle Bachelet, se propôs a ir a La Paz, com uma comissão que inclui o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, para tentar mediar o conflito. A idéia é ter uma mesa permanente de diálogo entre governo e grupos de oposição.

Ao desembarcar em Santiago, no Chile, Morales agradeceu à União de Nações Sul-americanas (Unasul) por convocar uma reunião de emergência para discutir a crise em seu país, afirmando que apresentaria no encontro explicações sobre um "golpe de Estado" contra seu governo.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou a acusar os Estados Unidos de tramar a queda de Morales, ao chegar ao Chile. Chávez ordenou na semana passada a expulsão do embaixador americano em Caracas, em solidariedade a Morales, aliado próximo do venezuelano, em meio a uma profunda crise política no país mais pobre da América do Sul.

"Na Bolívia está em marcha uma conspiração internacional. Uma conspiração dirigida pelo império americano. Tal qual ocorreu aqui no Chile. Se algum povo tem no fundo de sua memória histórica, no fundo de sua consciência, o que é uma operação imperialista para derrocar a um governo democrático, para desestabilizar um país, é o povo chileno e também o povo venezuelano", declarou ao desembarcar, fazendo referência ao golpe de estado que tirou Salvador Allende do poder em 1973.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Palácio La Moneda às 15h45m (horário local), 16h45m (horário de Brasília), para participar da reunião. Lula foi o último dos presidentes a chegar ao Palácio . Ele tem defendido que os 12 países da Unasul não podem se intrometer em questões internas da Bolívia, a menos que haja um pedido expresso de Evo Morales. Lula pregou o diálogo como forma de sair do impasse. O presidente brasileiro não estava disposto a participar da reunião, e chegou a dizer que ela poderia não dar em nada. Mas, resolveu aceitar o convite para ser um contraponto a Chávez e também porque não ficaria bem o mandatário do maior país da região não comparecer.

Em Montividéu, o Parlamento do Mercosul aprovou na segunda-feira, no primeiro dia de sua 8ª Sessão Plenária, uma proposta de declaração que apóia o Governo boliviano do presidente Evo Morales em meio à crise. A proposta declara o "firme apoio ao regime institucional da República da Bolívia, incluindo o reconhecimento das autoridades e instituições eleitas pelo povo boliviano".

Apesar de a oposição boliviana ter anunciado o desbloqueio de estradas e da fronteira da Bolívia com o Brasil - aproximando-se de um acordo com o governo -, o início do dia foi novamente marcado pela violência, que já deixou mais de 30 mortos nos protestos que se repetem desde a semana passada. Pelo menos 10 líderes opositores foram detidos por militares em Cobija, capital de Pando, onde o governo boliviano decretou estado de sítio.

Um grupo de 60 oficiais invadiu de madrugada a casa de uma das principais líderes de Cobija e levaram um computador. O governo ainda negocia um acordo com governadores das região mais rica do país e líderes cívicos contrários às reformas propostas por Morales.

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