Brasília - O Itamaraty confirmou ontem que os 130 funcionários da empreiteira Queiroz Galvão, além de seus 53 familiares atualmente na cidade de Benghazi, na Líbia, serão resgatados por um barco particular financiado pela própria empresa entre hoje e amanhã, que os levará até a ilha de Malta (país membro da União Europeia).
O Ministério das Relações Exteriores indicou que a Queiroz Galvão procurou o governo brasileiro em busca de ajuda para montar a logística emergencial da operação. "Fizemos uma ronda em todas as embaixadas do Mediterrâneo, incluindo Roma, Cairo e Atenas. O embaixador brasileiro na Grécia intermediou o contato entre a Queiroz Galvão e a empresa de transportes", informou a assessoria de imprensa do Itamaraty.
De Malta, os 183 brasileiros devem regressar por via aérea ao Brasil, provavelmente com escalas em grandes aeroportos europeus como Paris, Frankfurt ou Lisboa.
O Itamaraty não confirmou a origem da embarcação. Não há confirmação de que o navio partirá da Grécia ou que tenha bandeira grega, mas apenas que foi arranjado com ajuda da embaixada brasileira em Atenas.
Petrobras
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem que a estatal vai retirar os sete funcionários brasileiros que mantém na Líbia, país do norte da África onde a violência política se intensificou nos últimos dias.
"Nós estamos pensando na retirada do nosso pessoal da Líbia. As coisas estão mudando de um dia para outro. Nós temos um plano, mas não vou revelar o plano pela imprensa. Quando executar, eu aviso", disse.
Na entrevista que concedeu no Palácio Piratini (sede do governo do RS), Gabrielli invocou razões de segurança para não responder como e quando os funcionários serão retirados.
Segundo ele, a Petrobras mantinha nove funcionários no país, mas dois deles deixaram o país antes da crise. Gabrielli disse que a atividade da Petrobras na Líbia é pequena.
Refugiados
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) informou ontem que está se preparando para a possibilidade de um "êxodo significativo" por causa da violência política na Líbia, e pediu a países vizinhos na África e Europa que não barrem esses refugiados.
A porta-voz Sybella Wilkes disse que o Acnur pretende enviar equipes de emergência e mantimentos, inclusive tendas e hospitais de campanha, para reforçar sua presença no Egito e na Tunísia, países vizinhos à Líbia.
"Até agora não vimos um êxodo significativo. Mas estamos muito preocupados, com base nos relatos que estamos recebendo de violência generalizada", disse ela.
O escritório do Acnur na Tunísia disse que 4,5 mil pessoas chegaram ao país vindas da Líbia, segundo a porta-voz. Centenas de pessoas também deixaram a Líbia com destino ao Egito para fugir a onda de violência.