O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, declarou na sexta-feira que não vai concorrer a um novo mandato quando o atual terminar, em 2013, enquanto seu governo é assolado por disputas internas, e seu ministro da Economia se vê envolvido em uma investigação por corrupção.

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Em entrevista ao jornal La Repubblica, Berlusconi repetiu as declarações que vem fazendo nos últimos meses, de que não pretende disputar uma nova eleição, e que vai indicar o seu ministro da Justiça, Angelino Alfano, para sucedê-lo

Ele também fez comentários desfavoráveis ao ministro da Economia, Giulio Tremonti, que está enfraquecido por disputas com colegas de gabinete e que se viu mais pressionado na sexta-feira com a prisão de um colaborador.

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"Se eu pudesse, saía agora", disse Berlusconi ao La Repubblica, jornal que lhe faz oposição. "Não estou renunciando... mas dá vontade."

Tremonti é amplamente visto como responsável por blindar a Itália da crise na zona do euro, graças à sua insistência em medidas de redução do déficit. Mas sua situação ficou mais delicada com o pedido de prisão, feito por promotores napolitanos, de seu ex-assessor Marco Milanese, acusado de corrupção.

Até quinta-feira à noite, Tremonti costumava pernoitar durante alguns dias da semana num apartamento de Milanese em Roma. Ele divulgou nota dizendo que se mudou depois de saber das denúncias de corrupção.

O próprio Berlusconi também enfrenta denúncias de corrupção, além de um processo judicial em que é acusado de pagar para fazer sexo com uma menor. Seu governo vem enfrentando sucessivas quedas nas pesquisas de popularidade, além de derrotas em eleições locais e referendos.

A tensão dentro da coalizão conservadora foi agravada também por medidas de austeridade destinadas a eliminar o déficit público até 2014. A Itália é um dos países mais endividados do mundo, e o deságio pelos títulos nacionais está no seu maior valor em relação aos títulos alemães, parâmetro dessa transação, desde a adoção do euro, há mais de uma década.

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Berlusconi prometeu que o orçamento será modificado no Parlamento para ficar menos rígido, e fez críticas a Tremonti, autor do pacote.

"Ele está preocupado com os mercados, eu o entendo. Mas sempre lembro a ele que na política o resultado é feito de consensos e votações. Ele não está interessado no consenso, mas nós estamos. Então, sem alterar a soma final, vamos alterar o orçamento no Parlamento."