O catarinense Joel Lemos, de 38 anos, foi condenado nesta quarta-feira (29) à prisão, com pena de 36 a 40 anos, por um atentado a bomba contra outro brasileiro nos Estados Unidos. No dia 23 deste mês, a Justiça já tinha determinado sua culpa no crime.
A irmã de Lemos, Dinagel Lima, disse que a família fará um pedido ao governo brasileiro para que tente a extradição do irmão. "Estamos muito chateados. Não houve um julgamento justo, não havia provas concretas". Ela contou ainda que Lemos está numa cadeira de rodas e que "sofreu torturas na prisão".
Em 2005, o brasileiro, que é de Criciúma e está nos EUA ilegalmente há 17 anos, foi preso acusado de ter provocado a explosão do carro do mineiro Fernando Araújo, que escapou com vida, mas ficou com seqüelas em um dos olhos.
Funcionário da Corte Suprema de Woburn, Massachusetts, informou ao G1 por telefone, que Lemos teve oito acusações contra ele, incluindo tentativa de assassinato, agressão e explosão e que a pena total é de 36 a 40 anos de prisão.
História nos EUA
Segundo relato da mãe de Lemos, Deomir Cardoso Lemos, ao G1, seu filho conheceu a namorada na pizzaria que ele mantinha na cidade de Somerville. Em cartas, o brasileiro dizia estava com problemas com o governo americano por causa de sonegação de impostos.
A namorada, então, teria aconselhado o brasileiro a viajar para a Europa. Nesse meio tempo, a norte-americana teria prometido vender os bens do brasileiro e encontrá-lo no continente europeu.
Após um ano, segundo Deomir, ela terminou o relacionamento e disse que já "vivia com outro". De volta aos EUA, Joel descobriu que o novo parceiro da ex-namorada era o também brasileiro Fernando Araújo, outro funcionário seu na pizzaria. Esse teria sido o motivo do atentado a bomba.
A situação de Lemos se complicou quando a polícia encontrou entre as coisas dele um alcorão (que a família diz ser um presente de um amigo) e um desenho de bomba em uma folha de caderno.
Julgamento
A irmã Dinagel nega que o irmão soubesse armar uma bomba. "No julgamento, disseram que ele aprendeu a manejar explosivos quando esteve no Exército brasileiro. Mas, durante seu tempo no Exército, ele trabalhou apenas no hospital militar, como motorista", defendeu. Dinagel, que vive nos EUA legalmente há 19 anos, também reclamou por não ter podido testemunhar a favor do irmão.
Ele também teria sofrido um acidente em uma escada da prisão que ocupa há três anos, o que lhe causou dificuldades de locomoção. Por isso, ele estaria usando muletas.
Dinagel recebeu, por meio do advogado, uma carta em que Lemos pede ajuda ao presidente Lula para que seja extraditado ao Brasil. A família ainda não sabe como procederá. "Tentaremos o possível e o impossível, porque tenho medo que meu irmão morra ali [na prisão nos EUA]", comentou.