O destino do eletricista brasileiro morto a tiros pela polícia britânica estava marcado no momento em que ele foi erroneamente identificado como um possível homem-bomba, em uma operação de vigilância malfeita, disse a ITV News nesta terça-feira.
A emissora de televisão britânica disse ter obtido documentos secretos e fotografias sobre a morte de Jean Charles de Menezes, em 22 de julho. O eletricista mineiro foi assassinado um dia depois de quatro homens-bomba terem tentado atacar o sistema de transportes de Londres.
Imagens do circuito interno de televisão e testemunhas oculares citadas pela ITV News mostraram que o brasileiro não estava usando uma jaqueta acolchoada, mas um casaco de brim, e caminhava calmamente entre as barreiras da estação de metrô. Segundo os relatos iniciais, ele estava correndo e tinha uma jaqueta volumosa no corpo, que poderia esconder uma bomba.
Jean Charles não levava mochila - como os terroristas que atacaram o sistema de transporte urbano -, nem uma sacola.
Atiradores de elite receberam a ordem de matar Menezes mas, enquanto eles corriam para a estação de metrô, o brasileiro parecia não desconfiar de que estava sendo seguido, disse a ITV News.
Segundo a ITV, Jean Charles não correu para descer as escadas da estação, descendo os degraus vagarosamente. Ele correu apenas quando, chegando quase no fim da escada, viu que a composição do metrô estava na estação. Correu, entrou e se sentou.
Segundo relatos das testemunhas e declarações feitas dos policiais envolvidos, o rapaz entrava no trem quando foi detido por um policial.
Depois houve um grito de "polícia" e ele se levantou. Foi agarrado e imobilizado pelo policial, ficando com os dois braços estendidos ao longo do corpo. Nesta posição, recebeu oito ritos, sete deles na cabeça.
Segundo a ITV News, houve uma falha trágica na operação de vigilância, quando os oficiais acreditaram erroneamente que Jean Charles poderia ser um dos extremistas que tentaram, sem sucesso, detonar explosivos no metrô de Londres no dia 21.
Os ataques frustrados ocorreram duas semanas depois que quatro britânicos muçulmanos matarem 56 pessoas em ataques contra três trens do metrô e um ônibus de Londres.
A polícia britânica recusou-se a comentar a reportagem da ITV, enquanto o assassinato de Menezes estiver sendo investigado.
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