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Honduras

Campanha na eleição hondurenha se complica por causa de crise

Uma disputa de quatro meses sobre quem é o presidente deixou muitos hondurenhos incrédulos demais para votar no seu próximo líder.

Um golpe de Estado em junho que derrubou o presidente Manuel Zelaya e isolou Honduras do cenário mundial reduziu o interesse dos cidadãos do país sobre as eleições presidenciais de 29 de novembro, que alguns países avisaram que não vão reconhecer a não ser que Zelaya volte ao poder antes do pleito.

Um acordo engendrado pelos Estados Unidos desmantelou-se na sexta-feira depois que o presidente interino Roberto Micheletti formou um gabinete de "união nacional" sem Zelaya. Como resultado, a campanha para a presidência, que já anda em segundo plano, ficou mais apagada ainda.

A apenas três semanas do voto, as ruas que normalmente estariam cheias de cartazes de campanha estavam dominadas por grafite feito depois do golpe, alguns incentivando as pessoas a boicotarem as eleições.

E os comícios do líder nas pesquisas Porfirio Lobo, da legenda de oposição Partido Nacional, tem tido pouca audiência.

Elvin Santos, que está em segundo lugar nas pesquisas e é do partido de governo, Liberal, desistiu de seus planos de comícios até meados de novembro por causa da apatia.

"Os políticos causaram essa crise política então não tenho o menor interesse em votar neles", disse Claudia Mencia, 40, olhando com raiva para um pequeno comício em homenagem a Lobo.

Os EUA têm esperanças de que um acordo entre Zelaya e Micheletti reduza o conflito antes das eleições. Mas Zelaya tem pedido à população que boicote o pleito, causando temores de que uma eleição com Micheletti na presidência não terá legitimidade.

Lobo é visto como vencedor

Lobo, um fazendeiro de 61 anos, está com uma vantagem de dois dígitos nas pesquisas por causa da crise política, que muitos associam ao Partido Liberal, do qual participam tanto Micheletti como Zelaya.

"O ex-presidente Zelaya falou muito para reduzir a importância das eleições e isso diminuiu foi o entusiasmo", disse o analista político Juan Ramon Martinez.

Somente 54 por cento dos hondurenhos acreditam que eleições realizadas com Micheletti na presidência terão legitimidade, segundo uma pesquisa de opinião da Greenberg Quinlan Rosner, uma empresa americana de pesquisas.

Uma pesquisa do instituto Gallup CID em outubro mostrava Lobo, conhecido como "Pepe", com uma vantagem de 16 pontos percentuais sobre Santos, 46, que foi o vice-presidente de Zelaya.

Analistas acreditam que só metade dos eleitores comparecerão às urnas, um nível similar ao visto nas eleições passadas.

Zelaya foi derrubado por uma ordem do supremo tribunal que acionou o exército, que por sua vez expulsou o presidente do país. Ele estava em conflito com as elites hondurenhas porque estava se aproximando demais do presidente venezuelano Hugo Chavez.

No dia em que foi derrubado, Zelaya havia convocado um plebiscito para avaliar o apoio a uma mudança constitucional que permitiria a ele manter-se no poder. Zelaya, um barão madeireiro, está na embaixada brasileira em Tegucigalpa desde que retornou ao país em setembro.

A crise parecia estar chegando ao fim na semana passada depois que Zelaya e Micheletti assinaram um acordo que deixava nas mãos do Congresso a decisão sobre reinstaurar Zelaya ou não.

Mas 80 por cento dos parlamentares estão concorrendo à reeleição, de acordo com o jornal hondurenho El Heraldo, e apoiar Zelaya neste momento pode não ser uma decisão muito popular.

Os líderes do Congresso ainda não decidiram quando será a votação sobre a volta de Zelaya à Presidência.

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