Campesinos radicalizados de um departamento (Estado) a norte de Assunção decidiram por conta própria proibir agricultores brasileiros de cultivar soja. Além disso, começaram a ocupar as propriedades desses fazendeiros, semeando outros cultivos, como gergelim e mandioca, afirmou a imprensa paraguaia.
O departamento de San Pedro, 340 quilômetros ao norte da capital, é considerado o terreno mais fértil do país para a agricultura. É também o mais pobre do Paraguai, onde por dez anos exerceu suas funções clericais o atual presidente, Fernando Lugo, ex-bispo católico.
O jornalista do ABC Color Cristiano Peralta relatou nesta quarta-feira (1) que uns 120 campesinos não alinhados com as principais organizações de sem-terra invadiram duas fazendas de 600 hectares cada, proibindo que proprietários de origem brasileira começassem a semear soja.
"As propriedades, localizadas no distrito de Lima, pertencem a Pablo Velilla e Felipe Soloshinsky, dedicadas à produção da oleaginosa. Os campesinos começaram a levantar precários acampamentos e imediatamente plantaram sementes de gergelim e mandioca", relatou Peralta.
Segundo o jornalista, não houve intervenção das autoridades. O líder do grupo, Florêncio Martínez, explicou que com a ocupação era o início da retomada da soberania territorial paraguaia. Além disso, houve uma advertência para que os fazendeiros "se esquecessem definitivamente da soja".
Os campesinos ameaçam invadir outras 20 fazendas de brasileiros nos próximos dias. Para os sem-terra, o governo demora para fazer a reforma agrária no país.
Lugo solicitou a partir de 15 de agosto um prazo de 100 dias para buscar financiamento para seus projetos de reforma agrária. Até o momento, não conseguiu o dinheiro necessário para a iniciativa. As informações são da Associated Press.
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