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Acordo político

Camponeses decidem suspender cerco a cidade opositora na Bolívia

Oposicionistas de Morales reivindicam poder de terra e desenvolvimento do território: bloqueios de acesso à Santa Cruz foram suspensos para facilitar negociações | Stringer / Reuters
Oposicionistas de Morales reivindicam poder de terra e desenvolvimento do território: bloqueios de acesso à Santa Cruz foram suspensos para facilitar negociações (Foto: Stringer / Reuters)

Os sindicatos rurais que apóiam o presidente Evo Morales começaram nesta terça-feira (23) a suspender os bloqueios nos acessos a Santa Cruz (leste da Bolívia), numa surpreendente decisão destinada a facilitar um acordo entre o governo e a oposição.

O governo espera a resposta dos governadores de Santa Cruz, Tarija e Beni à proposta do governo para conciliar as reivindicações de autonomia com a adoção de uma nova Constituição para a Bolívia, temas que provocam a crise das últimas semanas.

O dirigente nacional dos cocaleiros, Asterio Romero, disse que o cerco a Santa Cruz foi suspenso porque "pode haver enfrentamento e não queremos que haja derramamento de sangue e depois se culpe ao companheiro Evo".

O dirigente advertiu, porém, que "os movimentos sociais voltarão a pressionar nas estradas se os governadores oposicionistas não assinarem o acordo com o governo para o referendo da nova Constituição".

Dionisio Cabrera, da Confederação Única de Camponeses, disse à rádio Fides que até as 16h (17h em Brasília) haviam sido suspensos quatro dos seis bloqueios principais, e que os acessos a Santa Cruz devem estar livres a partir da noite de terça-feira.

Cabrera acrescentou que os sindicatos rurais decidirão na sexta-feira ou sábado sobre o futuro da sua mobilização "dependendo do que se obtenha no diálogo".

A suspensão dos bloqueios que começavam a provocar escassez de alimentos e combustíveis em Santa Cruz deixou sem efeito um anúncio dos sindicatos camponeses de realizar um "cabildo" (assembléia popular) no centro da cidade, que celebrará sua festa cívica na quarta-feira.

Em 2009, Morales pretende submeter a referendo a nova Constituição, que dará mais poder à maioria indígena, ampliará a presença do Estado na economia e promoverá uma reforma agrária.

No diálogo iniciado no dia 18, o governo aceitou modificar o projeto constitucional para incorporar um acordo sobre a autonomia dos departamentos governados pela oposição de direita. Ainda não há, todavia, acordo sobre a lei de convocação do referendo constitucional.

A Unasul (União de Nações Sul-Americanas) deve realizar nesta quarta-feira em Nova York, paralelamente à Assembléia Geral da ONU, a sua segunda cúpula em dez dias para avaliar a situação da Bolívia.

Nos momentos mais tensos da atual crise política, os manifestantes contrários ao governo chegaram a interromper as exportações de gás para a Argentina e o Brasil. Na primeira reunião, a Unasul deu respaldo ao governo de Morales.

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