O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse nesta quarta-feira (25) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva responderá a carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no domingo passado (22). Não há data para envio da resposta, mas segundo Garcia ela está sendo redigida.
A correspondência do presidente americano - enviada no dia anterior ao encontro de Lula com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad - levou a uma reação forte de Garcia na terça-feira (24), quando ele disse que o governo de Obama tinha um "sabor de decepção" para o Brasil.
Segundo o assessor, Lula vai responder também por carta a Obama e, por isso, o governo brasileiro não vai dar publicidade à correspondência enviada pelo norte-americano.
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, também comentou sobre a carta de Obama nesta quarta. "Eu não sei como a carta chegou a conhecimento da imprensa, mas já que aparentemente há esse conhecimento eu acho que o presidente Lula vai responder a carta de maneira educada, adequada, mostrando seus pontos de vista. Sempre salientando a possibilidade de cooperação", disse.
Críticas
Marco Aurélio Garcia criticou ponto a ponto as posições do governo de Obama.
"Nós vemos com preocupação alguns sintomas e alguns posicionamentos dos Estados Unidos. A rodada de Doha continua paralisada e o próprio Obama na carta que enviou esse domingo ao presidente Lula não vê muita possibilidade que isso se desenvolva. Na situação em Honduras, essa posição [do governo norte-americano] é de nítido desacordo com os países sul-americanos".
Com relação à Conferência do Clima, Garcia criticou a falta de iniciativa dos Estados Unidos e o fato de o país não apresentar compromissos claros. "No que diz respeito à conferência do clima, os Estados Unidos não estão entregando praticamente nada. Somente um item que Brasil está propondo representa tudo que os Estados Unidos propuseram até agora", argumentou.
A carta
Na carta, segundo auxiliares do presidente, Obama admite a soberania brasileira para discutir questões relacionadas à paz no Oriente Médio com Ahmadinejad, mas tece uma série de críticas à postura do iraniano e pede que Lula enfatize a necessidade de abertura do programa nuclear daquela país às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Obama salienta sua posição contrária à a retomada de diálogo com o governo iraniano sobre o programa nuclear daquele país, posição defendida publicamente por Lula. E o presidente norte-americano ainda reforça a proposta que os Estados Unidos têm feito até agora para a Conferência Mundial de Mudanças Climáticas, que o Brasil tem classificado como irrisória.
Obama também diz que os Estados Unidos apoiam a realização de eleições em Honduras mesmo que o presidente deposto do país, Manuel Zelaya, continue afastado do cargo e refugiado na embaixada brasileira, posição diametralmente oposta a de Lula. Diz ainda que há muitas dificuldades para retomar as negociações da rodada de Doha.
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