Os corpos de cerca de 250 pessoas mortas na violência do Egito estão sendo mantidos em uma mesquita no Cairo, segundo testemunhas, indicando que o número de mortos em todo o país pode ser maior do que o total oficial de 525. As mesquitas tornaram-se refúgio para milhares de pessoas que tentavam se proteger da violenta repressão aos acampamentos montados por partidários do presidente deposto Mohamed Mursi.
Um repórter da Reuters contou 228 corpos, apesar da dificuldade de uma contagem exata porque alguns eram carregados em caixões para remoção da mesquita Imam, no nordeste da capital.
Os médicos no local disseram que os corpos tinham sido trazidos à mesquita diretamente de um acampamento de protesto nas proximidades, invadido pela polícia na quarta-feira. Heba Morayef, diretora do Human Rights Watch no Egito, acrescentou ter contado 235 corpos.
"Isso indica que a contagem geral será maior", disse ela.
Os corpos na mesquita, em sua maioria envolvidos em mortalhas brancas, aguardam a coleta por parentes. Normalmente, a contagem do Ministério da Saúde inclui apenas corpos que passaram por hospitais.
A violência explodiu na quarta-feira (14), quando as forças de segurança invadiram os acampamentos em frente as mesquitas Rabaa al-Adawiya e al-Nahda - provocando o que os islamistas chamaram de massacre. Rabaa al-Adawiya, transformada em epicentro da luta contra o golpe militar que derrubou Mursi, acolheu centenas de feridos durante os confrontos.
Os feridos eram atendidos no chão da mesquita, que virou hospital de campanha, ao lado de cadáveres que eram enfileirados para serem recolhidos.
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