O jornal de sátiras francês Charlie Hebdo terá o profeta Maomé na capa de sua primeira edição após o ataque de militantes islâmicos armados contra o semanário.
Com a demanda em alta para a edição de quarta-feira, o jornal planeja imprimir até três milhões de cópias, bem acima de sua tiragem normal de 60 mil exemplares, depois que revendedores disseram ter recebido vários pedidos de clientes por todo país.Dezessete pessoas foram mortas em três dias de violência na França que começou quando dois militantes islâmicos invadiram a reunião de pauta semanal do Charlie Hebdo e abriram fogo em vingança pela publicação de imagens satíricas de Maomé no passado.
A capa da edição de 14 de janeiro mostra Maomé, com uma lágrima no rosto, segurando um cartaz escrito "JE SUIS CHARLIE" ("Eu sou Charlie") sob a manchete "TOUT EST PARDONNE" ("Tudo é perdoado").
A nova edição do Charlie Hebdo, reconhecido por seus ataques irônicos ao Islã e a outras religiões, vai incluir outras charges representando o profeta Maomé e também satirizando políticos e outras religiões, disse o advogado do jornal, Richard Malka, à rádio France Info, nesta segunda-feira.
No domingo, pelo menos 3,7 milhões de pessoas foram às ruas de várias cidades da França em marchas de apoio ao Charlie Hebdo e à liberdade de expressão.
Líderes mundiais deram os braços em uma corrente humana que liderou uma caminhada de mais de um milhão de pessoas em Paris, em uma demonstração inédita para homenagear as vítimas.
Ameaça
A al-Qaeda do Magrebe Islâmico, braço do grupo terrorista no Norte de África, advertiu à França que o país se expõe a novos ataques se continuar sua política "hostil ao Islã".
"A França paga o custo da sua violência em países muçulmanos e de sua política hostil ao Islã", disse a AQIM em um comunicado publicado em sites jihadistas na segunda-feira. "Enquanto seus soldados ocuparem países como Mali e República Centro-africana e bombardearem nosso povo na Síria e no Iraque, e enquanto sua imprensa estúpida continua atentando contra o nosso Profeta (Maomé), a França se expõe ao pior".
Homenagem
O presidente da França, François Hollande, prestou nesta terça-feira homenagem aos três policiais assassinados na semana passada nos recentes atentados jihadistas e afirmou que as vítimas morreram com "coragem e dignidade" no cumprimento de seu trabalho.
Ahmed Merabet, Franck Brisolaro e Clarissa Jean-Philippe "compartilhavam a vontade de proteger seus concidadãos e tinham um ideal, o de servir à República", afirmou no pátio central da prefeitura da polícia de Paris.
Hollande, acompanhado entre outros pelo primeiro-ministro, Manuel Valls, e pelos ministros da Defesa, Jean-Yves Le Drian, e Relações Exteriores, Laurent Fabius, afirmou que os três agentes, que representavam "o compromisso com os valores fundadores da República", "caíram como mártires".
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