O governo dos EUA admitiu oficialmente nesta segunda-feira (12) ter errado ao não enviar um representante de alto escalão à marcha em solidariedade às vítimas do atentado ao semanário satírico "Charlie Hebdo".
A manifestação, que reuniu 3,7 milhões de pessoas nas ruas de Paris no domingo (11), contou com a presença de 40 líderes mundiais.
Na linha de frente estavam François Hollande (presidente francês), Angela Merkel (chanceler alemã), David Cameron (premiê britânico), Binyamin Netanyahu (primeiro-ministro israelense) e Mahmoud Abbas (presidente da Autoridade Nacional Palestina).
A presença do presidente americano, Barack Obama, e do vice-presidente, Joe Biden, foi evitada por motivos de segurança, de acordo com a Casa Branca.
O secretário de Estado americano, John Kerry, por sua vez, não foi enviado a Paris para a participar da passeata.
O procurador-geral dos EUA, Eric Holder, que estava em Paris no final de semana para uma reunião convocada após os ataques em Paris, também não foi à marcha.
Apenas a embaixadora americana em Paris, Jane Hartley, compareceu à manifestação representando os EUA.
A presença discreta dos EUA foi alvo de críticas da imprensa e da oposição.A frase "Vocês decepcionaram o mundo", sob fotos de Obama, Biden, Holder e Kerry, estampou a primeira página do "New York Daily News".
O senador republicano Ted Cruz escreveu em uma coluna de opinião que "a ausência é sintomática da falta de liderança americana no cenário mundial, e isso é perigoso".
O governo francês, no entanto, não endossou as críticas à ausência americana na passeata. "Nós ficamos muito comovidos com as reações das autoridades dos EUA desde o início da crise", divulgou a Embaixada da França em Washington.
Diante das críticas, Kerry anunciou que vai a Paris na sexta-feira (16) e recordou a cooperação entre os dois governos desde o início dos ataques que deixaram 17 mortos em Paris na semana passada.
Ao admitir o erro dos EUA, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou nesta segunda: "É justo dizer que deveríamos ter enviado alguém de perfil mais elevado [do que a embaixadora Jane Hartley]".
O porta-voz ressaltou que a ausência de Obama e de outros altos funcionários na passeata não diminui o compromisso dos EUA com a segurança e os valores da França e disse que os dois países estão "ombro a ombro".
- Netanyahu destoa de demais líderes durante manifestação em Paris
- Papa faz apelo para líderes muçulmanos condenarem violência religiosa
- França mobiliza dez mil membros das forças de segurança após ataques terroristas
- Marcha reúne mais de 3 milhões em toda a França e é tida como a maior da história
- Contra o terrorismo, UE propõe controle das fronteiras e da internet
Deixe sua opinião