| Foto: Sossella

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse nesta terça-feira (13) que não deseja conflitos nas relações com a Espanha, mas pediu para o país europeu respeitar a Venezuela e suas autoridades.

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Chávez reiterou que os venezuelanos não são "súditos" da coroa espanhola e exige um pedido de desculpas do rei Juan Carlos I. "O mínimo que ele deveria fazer era pedir desculpas e dizer ao mundo a verdade", disse Chávez numa entrevista no canal "Promar", na cidade de Barquisimeto, a sudoeste de Caracas.

"Não tenho interesse em afetar as relações com a Espanha, mas não vamos permitir agressão e (não) ficaremos calados. A Venezuela (tem que ser) respeitada e o chefe de Estado venezuelano se faz respeitar", disse Chávez, numa referência ao incidente com o rei Juan Carlos I durante a Cúpula Ibero-Americana.

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"Eu não quero nenhum conflito com o rei. Eu não lhe disse nada", declarou o líder venezuelano, em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros no Palácio de Miraflores, sede do governo.

Durante a Cúpula, o rei espanhol disse "Por que não te calas?" para Chávez. O líder venezuelano afirmou que o monarca teria ouvido muitas coisas dele e dos presidentes boliviano (Evo Morales) e nicaragüense (Daniel Ortega), num debate privado no dia anterior.

"Acho que ele explodiu, porque no dia anterior a coisa foi mais longa e mais intensa e é possível que ele tenha acumulado idéias de tanto ouvir coisas, não apenas minhas, (mas também) de Evo, de Daniel, e de outros companheiros revolucionários", acrescentou Chávez.

"Ele se irritou", afirmou Chávez, que acrescentou que o monarca não teria dito "por que não se calam", em referência aos outros presidentes.

"Acho que estava furioso. Eu recomendaria, se pudesse, a Juan Carlos que tenha paciência, porque no próximo ano nos veremos outra vez na Cúpula, (além de) Daniel e Evo, e é possível que a cada ano tenham caras novas, porque este continente está mudando. Rostos novos, idéias novas", acrescentou o líder venezuelano.

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Ao comentar outros aspectos da Cúpula, Chávez disse que a América Latina ficou dividida em dois setores: um defende o capitalismo e o neoliberalismo, e outro é o dos rebeldes. No segundo grupo, além de si mesmo e de Fidel Castro, incluiu os presidentes da Bolívia, Evo Morales; do Equador, Rafael Correa; e da Nicarágua, Daniel Ortega.

"Os que foram maioria durante décadas agora parece que estão em minoria e se desesperam. Acho que o rei foi vítima do desespero, da saturação, de ouvir discursos revolucionários denunciando as culpas que a Europa não quer reconhecer", afirmou.

HumorChávez afirmou novamente que não teria escutado a frase do rei espanhol. O venezuelano disse que estava falando com o chefe de Governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, que pediu respeito quando se referisse ao ex-líder do Executivo José María Aznar.

"Não é imprescindível para nós o investimento espanhol na Venezuela", acrescentou Chávez.

Além disso, o líder venezuelano afirmou que as imprensas européia e americana manipularam o incidente, para acusá-lo de responsável por ele.

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"Agora querem me colocar como o que agrediu o rei, pelo amor de Deus, eu não lhe disse nada. E agora há meios de comunicação na Europa e na América do Norte que dizem que Chávez agrediu o rei. Isso é uma manipulação", afirmou.

Segundo Chávez, essa imprensa o considera um "menino mau", embora tenha apenas "defendido a Venezuela e exposto algumas idéias".

"O chamamos de rei, mas só é rei na Espanha, nada mais. Dom Juan Carlos de Borbón é um ser humano. E, além disso, é preciso se lembrar como se tornou rei. O caudilho de Deus, como era chamado Francisco Franco, pela graça de Deus e a desgraça da Espanha, o nomeou", disse Chávez.

O líder venezuelano brincou com a frase do monarca espanhol e disse que a adaptaram para um toque de celular.

"Ontem à noite (segunda-feira) ri muito, porque a puseram como um "ring tone". Isso é bom para a saúde, o humor. Riam muito, mas com vontade", declarou Chávez.

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