O Chile realizará um ajuste fiscal superior a 700 milhões de dólares para arcar com o programa de reconstrução do país depois do terremoto e dos tsunamis de fevereiro, disse na sexta-feira o ministro da Fazenda, Felipe Larraín.
Essa é a primeira decisão importante do recém-empossado governo do milionário centro-direitista Sebastián Piñera, como parte de um pacote ainda em elaboração que tenta manter a competitividade da economia chilena, que vinha reagindo após a recessão de 2009, a primeira em uma década.
Estima-se que o terremoto de magnitude 8,8 tenha deixado prejuízos em torno de 30 bilhões de dólares. Há alguns dias, Piñera anunciou a criação de um fundo para a reconstrução, financiado por diversas fontes.
"O ajuste começa em casa. Vai nos doer, mas conversamos com o presidente e vamos fazer um ajuste fiscal superior a 700 milhões de dólares do orçamento já aprovado para aportar ao fundo de reconstrução", disse Larraín.
Segundo ele, também serão mobilizados recursos dentro de vários ministérios para apoiar o plano, mas ele não citou quantias nem os ministérios envolvidos.
O terremoto de 27 de fevereiro no centro-sul do Chile, o quinto mais potente da história moderna, deixou pelo menos 452 mortos identificados e pelo menos cem desaparecidos. Foi a pior tragédia no país em meio século, destruindo 200 mil casas, dezenas de hospitais e centenas de escolas.
Na sexta-feira, o governo anunciou também seu primeiro pacote de ajuda habitacional, educacional e para a pesca.
Diante da magnitude dos danos, o ministro da Fazenda disse que serão necessárias medidas de diversos tipos, mas que isso não impedirá um crescimento médio de 6 por cento ao ano nos próximos quatro anos, após uma contração de 1,5 por cento em 2009.
"Nosso propósito continua sendo alentar o crescimento econômico", disse Larraín, para quem é "propício" que o Chile tenha as melhores condições de crédito na América Latina. "Provavelmente vamos recorrer a algo de endividamento (externo), a algo de fundos externos e a algo de endividamento interno."