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Escândalo

China confirma quarta morte por leite contaminado com melamina

Produto químico chamado de melamina utilizado em plásticos, foi ilegalmente misturado às fórmulas para bebês em pelo menos 22 indústrias de laticínios chinesas | Stringer / Reuters
Produto químico chamado de melamina utilizado em plásticos, foi ilegalmente misturado às fórmulas para bebês em pelo menos 22 indústrias de laticínios chinesas (Foto: Stringer / Reuters)

Milhares de pais ansiosos correram para os hospitais chineses nesta quinta-feira (18), temendo que seus filhos fossem vítimas de leite em pó contaminado. O governo chinês informou sobre uma quarta morte no escândalo. A quarta vítima vivia na remota província do noroeste de Xinjiang, onde 86 pessoas adoeceram após consumir o leite com melamina, um produto químico industrial.

Não houve informações adicionais sobre a vítima, nem foi divulgado se tratava-se de um bebê. Nesta quarta-feira, o ministro da Saúde, Chen Zhu, havia confirmado três mortes de bebês e disse que mais de 6 mil crianças pelo país estavam doentes por causa da contaminação.

As três primeiras mortes foram causadas por falência renal, após o consumo do leite com melamina. O escândalo gerou medo entre os pais. Apenas no Hospital Infantil de Pequim, mais de mil deles levaram os filhos para a realização de exames. "Eu apenas rezo para que não haja nada errado com meu filho", disse Fang Suniy, uma mãe de 28 anos que levava seu filho no colo. "Nós não sabemos mais o que é seguro e não queremos arriscar."

A melamina, um químico usado normalmente em plásticos, foi ilegalmente misturada às fórmulas para bebês em pelo menos 22 indústrias de laticínios chinesas, segundo autoridades. A informação veio à tona apenas meses depois de os primeiros bebês ficarem doentes. O produto ilegal foi introduzido para que o leite aparentasse mais níveis de proteínas.

Autoridades chinesas informaram nesta quinta-feira que a melamina foi também encontrada em leite que estava nas prateleiras das lojas. A inspeção começou após a divulgação dos primeiros casos.

Mais de 1.300 bebês ainda estão hospitalizados, 158 deles com falência renal aguda. O número oficial de crianças contaminadas estava em 6.244 nesta quinta-feira.

O anúncio da mais recente morte ocorreu ao mesmo tempo em que a China anuncia novas medidas para conter o crescente escândalo. O governo disse que iria resolver brechas que possibilitaram a comercialização do produto com problemas. Segundo as autoridades, será ampliado o controle sobre produtos agropecuários.

"(O escândalo) nos mostrou que o mercado de laticínios é caótico, existem falhas nos mecanismos de supervisão, e esse trabalho de supervisão é fraco", disse a televisão estatal na noite de quarta-feira, ao resumir as conclusões de uma reunião do gabinete.

A principal agência de controle de qualidade do país baixou uma norma, segundo a qual os produtores de alimentos não podem mais ficar isentos de inspeções, mesmo que tenham um bom histórico. Segundo a agência estatal Nova China, uma das empresas que utilizavam esse benefício era a Sanlu, primeira envolvida no escândalo do leite em pó e a companhia em que o produto estava mais contaminado.

As medidas do governo para que se aumentem os testes para checar a presença de melamina aumentou o temor de que haja a presença desse químico em outros produtos do setor agropecuário. Antes mesmo da revelação, jornalistas estrangeiros já haviam levantado a suspeita de que a melamina era bastante usada na China, para dar uma falsa aparência de que os produtos eram nutritivos.

O prefeito de Shijiazhuang, cidade ao norte onde o grupo Sanlu é sediado, foi afastado do cargo. A polícia também deteve a presidente da companhia, que antes perdeu o emprego. No total, 18 pessoas foram detidas no caso, 12 delas nesta quinta-feira.

A China já enfrentou vários escândalos nos últimos anos, por causa de comida de baixa qualidade e problemas com vários outros produtos exportados, como medicamentos e brinquedos.

Em outro incidente para os produtos "Made in China", a varejista Conforama anunciou em Paris na quarta-feira que retirou de seu catálogo vários sofás e poltronas feitos na China, após centenas de clientes desenvolverem dolorosas eczemas. As informações são da Associated Press.

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