O exilado líder espiritual do Tibete, Dalai Lama, afirmou neste domingo acreditar que a China terá mais dificuldade em lidar com a crise econômica do que os países democráticos.

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O líder budista disse ainda pensar que as tratativas diplomáticas entre a China e a União Européia acerca de um encontro que ele teve na Polônia, no sábado, com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, logo acabarão.

"A crise econômica global é séria e também gera impacto na China e Índia. Creio que para a Índia, para países democráticos algumas vezes é mais fácil lidar com esses problemas", afirmou o Dalai Lama em entrevista na cidade polonesa de Cracóvia.

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"Para uma sociedade totalitária e fechada essas experiências são novas."

O monge de 73 anos, que vive ao norte da Índia, descreveu o grande abismo entre as ricas regiões costeiras da China e seu empobrecido interior como "indefensável" e afirmou que Pequim precisa abraçar a democracia durante seu desenvolvimento.

"Sem dúvida, a República Popular da China é um país muito importante... sua economia está ganhando força e isso merece respeito. Mas seu sistema totalitário está ultrapassado neste planeta", apontou.

"Sob o medo, como é possível desenvolver confiança?... Transparência é muito essencial."

Citando o advento da democracia em países ex-comunistas como Polônia, ele afirmou: "O mundo livre é a maioria."

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O Dalai Lama iniciou sua viagem de oito dias pela Polônia no sábado em Gdask, onde participou de comemorações pelo 25o aniversário da conquista do Nobel da paz pelo ícone polonês pró-democracia Lech Walesa.

Protestos

Para desconforto da China, o Dalai Lama, também ganhador de um prêmio Nobel, teve conversas em Gdanks com Sarkozy, que exerce a presidência rotativa da União Européia. O monge ignorou os protestos de Pequim, observando que eles costumam preceder seus encontros com líderes mundiais.

"De acordo com nossa experiência não há muito a se seguir. A China precisa da Europa."

Nacionalistas chineses pediram um boicote aos produtos franceses em protesto contra o encontro de Sarkozy.

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Empresas francesas estiveram sujeitas aos boicotes chineses e manifestações no início do ano depois que a etapa parisiense da viagem da tocha olímpica foi atrapalhada por manifestantes contrários à China.

O Dalai Lama afirmou apreciar o gesto de Sarkozy. "Sarkozy está mostrando uma preocupação genuína sobre o Tibete. Eu valorizo isso, apesar das dificuldades e inconvenientes ele se mantém firme sobre o princípio", acrescentou.

O líder budista disse que o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, também mostrou interesse sobre as dificuldades do Tibete, telefonando-o durante a campanha presidencial.

"Estou bem certo de que depois que ele se torne presidente ele continuará com políticas de apoio ao Tibete", disse o Dalai Lama.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu com urgência que Pequim abra diálogos genuínos com o Dalai Lama, que afirma ser favorável à auto-determinação, não independência, para sua montanhosa terra natal.

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Quando perguntado sobre se espera ver o Tibete novamente, o Dalai Lama respondeu: "Realmente sim... se não, não importa muito." Citando um provérbio tibetano, ele disse que a casa é onde você se sente mais feliz.

O Dalai Lama foi exilado para a Índia em 1959 depois de uma fracassada insurreição acerca do domínio chinês sobre o Tibete, ocupado pelas Tropas Populares da Libertação desde 1950.