Dois mineiros morreram e outros 30 ficaram feridos em choques com a polícia durante protestos nesta terça-feira na Bolívia. Uma das mortes ocorreu em um bloqueio de estrada em Oruro. A outra se deu em novo bloqueio, desta vez na rodovia que une La Paz, Cochabamba, Oruro e Santa Cruz. A onda de manifestações está se intensificando no país, a cinco dias de um referendo revogatório de mandatos.
Os conflitos, que irromperam há cerca de duas semanas, têm causas distintas e vão desde greves de fome até protestos de ativistas cívicos e de mineiros, que bloquearam uma estrada e entraram em conflito com a polícia.
O principal deles é encabeçado por setores afiliados à Central Operária Boliviana (COB), que demandam a aprovação de um projeto de Lei de Aposentadorias, proposto pela entidade. Entre outras medidas o texto prevê a alteração da idade para o pagamento do benefício.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, e a da Argentina, Cristina Kirchner, suspenderam nesta terça-feira viagem à Bolívia devido aos violentos protestos antigoverno no país. O aeroporto de Tarija foi tomado por grande número de manifestantes.
- Conversei com o presidente da Bolívia, Evo Morales. Decidimos suspender nossa viagem a Tarija - disse Chávez em Buenos Aires. - Por questões de segurança, ou melhor de insegurança (...) aconselhamos que se suspenda a viagem a Tarija da presidente (da Argentina) Cristina Kirchner - acrescentou.
Chávez disse que se Morales for derrotado no referendo do próximo domingo, sairá do governo "com dignidade".
- Existe um processo democrático na Bolívia, se Evo perder o referendo estou seguro de que vai deixar o governo assim, com dignidade - disse. - Mas estou seguro de que vai continuar lutando e todas as pesquisas indicam que ele vai ganhar com 60%.
A presidente argentina enviou uma mensagem de apoio institucional à Bolívia.
"O presidente Evo Morales é um presidente eleito pelo povo da Bolívia, que também se submete ao referendo revogatório previsto na por sua própria constituição", disse Cristina em entrevista à imprensa.
"Todos devemos estar comprometidos com a defesa da estabilidade regional e fundamentalmente da estabilidade das instituições democráticas e das expressões da vontade popular", completou.
A presidente argentina disse que o conflito vivido na Bolívia afeta a estabilidade da região e manifestou sua preocupação "para conseguir a normalização imediata da situação na República da Bolívia".
Uma pesquisa publicada na segunda-feira pelo maior grupo jornalístico local apontava que Morales receberia 54% dos votos da população, cinco pontos percentuais a mais do que mostrou a mesma pesquisa realizada em 21 de julho. O levantamento foi realizado pela Captura Consulting com 2.100 pessoas nos nove departamentos do país e tem uma margem de erro em 2,1%. Morales foi eleito com 53,7% dos votos em 2005.
Chávez e Cristina pretendiam se reunir com Morales em Tarija, na tarde desta terça-feira.
O governo boliviano atribui a objetivos políticos as manifestações que assolam o país, desde greves de fome até protestos de ativistas cívicos e mobilização de mineiros
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião