Pelo menos três pessoas morreram e 257 ficaram feridas nesta sexta-feira (16) em confrontos entre manifestantes e soldados no Cairo. Foram os incidentes mais violentos no Egito desde o início do seu processo eleitoral, há quase três semanas. Como se tornou habitual em nove meses de regime militar desde a deposição do presidente Hosni Mubarak, o confronto aumentou repentinamente com a chegada de mais manifestantes às ruas. O Ministério da Saúde informou que três pessoas foram mortas e 257 ficaram feridas nos confrontos. O órgão egípcio responsável por emitir as recomendações religiosas, Dar al-Iftah, disse que uma de suas principais autoridades, Emad Effat, morreu durante a violência, segundo a agência de notícias estatal Mena. A violência continuou após o anoitecer, com manifestantes atirando pedras e bombas incendiárias contra o prédio onde o governo despacha, quebrando vidraças e depredando câmeras de segurança. Soldados dispararam contra manifestantes que apedrejavam o Parlamento. Não ficou claro se eles usavam balas de borracha ou munição real.
Brutalidade Os incidentes haviam começado na noite anterior, quando a polícia militar tentou dispersar ativistas. Irritados com a brutalidade policial, os manifestantes iniciaram o confronto, que logo tomou conta das ruas em torno do Parlamento. No começo da tarde, ambulâncias passavam com sirenes ligadas, enquanto soldados tentavam expulsar os manifestantes usando cassetetes e, aparentemente, segundo testemunhas, dispositivos elétricos para mover gado. Relatos de agressões contra ativistas conhecidos se espalharam pelas redes sociais, e políticos islâmicos e liberais condenaram a ação do Exército. "Mesmo que a ocupação fosse ilegal, deveria ter sido dispersada com tal brutalidade e barbárie?", perguntou Mohamed ElBaradei, candidato a presidente e ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU). Uma fonte militar disse que 32 membros das forças de segurança ficaram feridos ao tentar impedir uma invasão do Parlamento. A ocupação de manifestantes em frente à sede do governo era remanescente de protestos maiores, no mês passado, em torno da praça Tahrir, nos quais 42 pessoas morreram logo antes do início daquela que é considerada a primeira eleição livre em seis décadas.
Controle "O Conselho (Militar, que controla a política egípcia atualmente) quer estragar as eleições. Eles não querem um Parlamento que, ao contrário deles, tenha legitimidade popular e iria desafiar a autoridade deles", disse o ativista Shadi Fawzy. "Não acredito que eles irão entregar o poder em junho." A junta militar promete realizar eleições parlamentares em junho de 2012.
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