Brasil
Embaixador brasileiro viajará a Benghazi, diz Itamaraty
Em nota oficial divulgada ontem, o Itamaraty informou que o embaixador do Brasil na Líbia, George Ney de Souza Fernandes, viajará a Benghazi, principal foco das violentas manifestações no país.
De acordo com o comunicado, o diplomata irá reunir-se com representantes da comunidade brasileira que vive na cidade. Após três dias de protestos e relatos de dezenas de mortos nos confrontos entre manifestantes e forças de segurança, a Líbia enviou o Exército às ruas e reconheceu apenas 14 vítimas.
Na nota, o Itamaraty diz ainda que o governo brasileiro "acompanha com apreensão" a situação na Líbia e "repudia os atos de violência" ocorridos durante as recentes manifestações populares, que resultaram em mortes de civis.
O ministério também pede que "as aspirações do povo líbio sejam atendidas por meio do diálogo político", e que o "governo brasileiro exorta as autoridades daquele país a respeitar e garantir os direitos de livre expressão dos manifestantes".
Trípoli - A Líbia chegou ontem ao terceiro dia de confrontos entre opositores e partidários do governo. Militares foram mandados à segunda maior cidade do país, Benghazi (1.000 km da capital, Trípoli), para controlar protestos.
Segundo a rede de tevê Al Jazeera, há relatos não comprovados de forma independente de que os mortos chegam a 50 em três dias.
A organização Human Rights Watch estima que ao menos 24 pessoas morreram no país entre a última quarta-feira e ontem quando opositores do regime promoveram um "dia de fúria'' em várias cidades do país contra o ditador Muammar Gaddafi, há 41 anos no poder.
Testemunhas disseram que ontem, após o funeral de 15 dessas vítimas, ocorreram novos choques em Benghazi.
A imprensa internacional tem sido impedida pelo governo de trabalhar, dificultando a verificação da escala da violência e dos protestos no país.
Benghazi é a cidade onde Kadafi conta com menos apoio. Contudo, duas testemunhas disseram à agência de notícias Reuters que Saadi Gaddafi, filho do ditador e ex-jogador profissional de futebol na Itália, tomou o controle da cidade.
Ashour Shamis, um jornalista líbio baseado no Reino Unido, afirmou que também ontem centenas de manifestantes invadiram a principal prisão de Benghazi e libertaram presos políticos.
Grupos de oposição ao regime exilados na Suíça dizem que manifestantes e policiais desertores lutaram ontem pelo controle de Beyida, a 200 km de Benghazi.
Trípoli permaneceu em clima de tranquilidade, pois apenas partidários do regime organizam manifestações. Kadafi esteve na manhã de ontem na Praça Verde, centro das manifestações governistas, cercado por seguranças, mas não discursou.