O Conselho dos oito cardeais nomeados pelo papa Francisco para ajudá-lo a governar a Igreja, o chamado "G8 Vaticano", começou hoje (3) uma segunda rodada de reuniões, na qual farão a a avaliação de cada ministério da Cúria.
É a primeira etapa do processo de mudanças substanciais na Igreja, idealizado pelo pontífice. "A Igreja do Vaticano é muito centrista", reconheceu o papa em entrevista.
"Nesta manhã os cardeais retomaram a análise da Cúria, começada em outubro, e deram início a uma reflexão sobre os ministérios, começando pela Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos sacramentos", declarou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
O premiê italiano, Enrico Letta, elogiou o papa Francisco hoje, dizendo que ele poderia ser um modelo para as instituições públicas italianas que têm necessidade semelhante de reformas.
Os oito homens de confiança do Papa vão se reunir, durante três dias, em uma pequena sala na Casa de Santa Marta, onde Jorge Mario Bergoglio instalou seu escritório no Vaticano após sua eleição, em março deste ano.
A primeira sessão, celebrada a portas fechadas no início de outubro, resultou em um relatório, reunindo um grande número de sugestões e demandas vindas das dioceses sobre os mais diversos problemas enfrentados pela Igreja Católica, que soma mais de 1,2 bilhão de fiéis: centralização excessiva, dissidências, falhas de comunicação e escândalos.
Os cardeais, personalidades fortes que vêm dos cinco continentes, formam um conselho consultivo institucionalizado.
Mudanças
A reforma da Cúria -um órgão que reúne 2.000 pessoas e cerca de 20 ministérios- é tema recorrente entre os vaticanistas, dada a complexidade e as particularidades da Igreja.
Em meio a restrições orçamentárias, a fusão de certos ministérios é considerada indispensável. Um enxugamento da secretaria de Estado -verdadeiro Estado dentro do Estado, como mostrou o escândalo do chamado "Vatileaks"- é possível.
A criação de um cargo de "moderador", encarregado de fazer a ponte entre setores que têm falhas de comunicação, a criação de um ministério das Finanças, reduções dos efetivos: tudo isso é levado em consideração e deve gerar também alguns descontentamentos.
Durante esta segunda reunião, o papa Francisco deve apresentar aos oito cardeais seu novo secretário de Estado, monsenhor Pietro Parolin, 58 anos, que não terá envolvimento nos trabalhos.
O "G8" não ouvirá desta vez as comissões de especialistas formadas em julho deste ano para analisar as estruturas administrativas e financeiras do Vaticano. O grupo dos oito cardeais se reunirá novamente nos próximos 17 e 18 de fevereiro, antes de uma grande reunião com cardeais do mundo todo.
A tão esperada reforma do banco do Vaticano ainda deve demorar algum tempo. O padre Lombardi jogou um balde d'água fria naqueles que esperavam uma aceleração nas reformas ou decisões de impacto em pouco tempo. "Eu não prevejo de forma alguma uma conclusão dos trabalhos para o curto prazo, em fevereiro", afirmou.
"A orientação dada ao G8 foi para que seguisse em profundidade e não se limitasse a fazer reparos e mudanças marginais" na Cúria, ressaltou Lombardi.As reuniões culminarão numa refundação completa da Constituição 'Pastor Bonus' sobre a Cúria, adotada por João Paulo II em 1988.
O conselho dos cardeais trabalhar também em questões sobre o papel das mulheres, dos leigos e das novas características para as reuniões episcopais: grupos enormes que pedem também uma evolução de mentalidade.
O tema mais delicado aos olhos do Papa -a resposta positiva da Igreja às pessoas que não estão "em dia", como os divorciados casados novamente, e muitas outras- será discutido em duas assembleias mundiais de bispos em 2014 e 2015.
Os temas dos cardeais serão distribuídos de acordo com a competência e experiência de cada um deles, mas todos serão envolvidos na consulta. Segundo o escritório de imprensa do Vaticano, o "G8" foi criado para "fornecer conselhos ao papa", mas não tomará decisões.
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