A construtora Queiroz Galvão negou nesta sexta-feira (17) que esteja em conflito com o governo da Bolívia e disse desconhecer qualquer risco de expulsão pelo presidente Evo Morales, apesar da disputa que já dura dois anos em torno dos reparos na rodovia Tarija-Potosí.

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O pavimento da obra apresentou fissuras em cerca de 70% dos 219 quilômetros já construídos e seriam necessários US$ 45 milhões para os reparos.

Segundo a construtora, os problemas foram causados pelo uso de cimento para a composição do pavimento, quando o correto seria ter usado asfalto, mais flexível.

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A escolha do material teria sido feita pelo governo boliviano, considerando mais o baixo custo do que a adequação ao terreno arenoso e desértico da região, levando o pavimento a apresentar fissuras.

O advogado da construtora, Alberto Sanz Sogayar, disse que três gerentes da Queiroz Galvão que trabalhavam na Bolívia estão no Rio de Janeiro para discutir o futuro das obras. A empresa nega, entretanto, que eles tenham fugido ou sido expulsos pelo governo boliviano.

A construtora, segundo o advogado, dispõe-se a cumprir a exigência do governo da Bolívia de concluir a obra e fazer os reparos necessários, mas sem "reconhecimento de culpa".

Sogayar disse ainda que uma proposta foi entregue há 15 dias para a Administradora Boliviana de Estradas (ABC, na sigla em espanhol), mas até agora não houve resposta.

A Queiroz Galvão também contratou a consultoria Applied Research Associates (ARA) para fazer o projeto de reparos e calcular o valor necessário para a conclusão dos trabalhos, a partir de valores estabelecidos no contrato inicial, assinado no final de 2003.

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Acordo

"Sempre acreditamos nas instituições bolivianas. Nossa intenção permanece a mesma, de continuar com o projeto", disse Sogayar.

As fissuras na rodovia foram constatadas em outubro de 2006.

Em setembro de 2007, o governo boliviano rescindiu o contrato e confiscou os equipamentos da empresa, avaliados em US$ 20 milhões.

As negociações prosseguiram e, em maio de 2008, foi assinado um aditivo do contrato no qual a Queiroz se comprometia a fazer os reparos sem repassar os custos, mas sem reconhecer a culpa pelos problemas do pavimento.

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A empresa brasileira alega que, desde então, não recebeu resposta das autoridades bolivianas.

O valor inicial do contrato era de US$ 156 milhões, mas foi elevado para US$ 198 milhões após a assinatura de um aditivo acordado entre as partes. Em seguida, com base num laudo da consultoria ARA, passou para US$ 271 milhões.