Obama diz que morte de Chávez é oportunidade de mudança
Depois do anúncio da morte de Hugo Chávez, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ofereceu aos venezuelanos o apoio do povo americano e sinalizou a intenção de manter uma relação construtiva com o governo daquele país. Obama afirmou que a morte de Chávez representa um tempo de mudanças para a Venezuela e disse que seu país está comprometido em promover os princípios da democracia, dos direitos humanos e do Estado de direito.
As frases de Chávez
Nos longos discursos de Hugo Chávez, não faltavam frases de efeito ou provocações contra aqueles que considerava seus inimigos. O ex-presidente dos Estados Unidos, o republicano George Bush, chegou a ser chamado de diabo e alcóolatra. Confira abaixo algumas das frases do venezuelano.
Ditador sírio diz que morte de Chávez é perda pessoal
O ditador da Síria, Bashar Assad, disse hoje (6) que a morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi "uma grande perda pessoal". O venezuelano, aliado do regime sírio, morreu ontem após não resistir às complicações de um câncer na região pélvica.
Jornais pelo mundo repercutem morte de Chávez
O "New York Times" abriu foto no alto da capa para as lágrimas dos venezuelanos, mas destacou que Hugo Chávez deixa a Venezuela em "grande agitação", com "grandes divisões". Para o necrológio escrito por Simon Romero, ex-correspondente na Venezuela, hoje no Brasil, ele foi "figura polarizadora". Também nos EUA, o "Miami Herald" brada, "Chávez está morto".
Líder da oposição pede unidade
O integrante da oposição venezuelana mais cotado a participar das eleições antecipadas após a morte de Hugo Chávez, Henrique Capriles, expressou nesta terça-feira (5) solidariedade à família do carismático líder e pediu unidade.
Vice deve convocar eleições em 30 dias
Se o carisma foi uma das marcas de Hugo Chávez, seu sucessor é conhecido pelo sorriso fácil sob o vasto bigode. Nicolás Maduro, 50, tem o "coração de um homem do povo", como disse o próprio Chávez ao ungi-lo às vésperas de seguir para Cuba para a sua quarta cirurgia, em dezembro.
Lula: "tenho orgulho de ter convivido com Chávez"
Em nota divulgada na noite desta terça-feira (5), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do presidente venezuelano Hugo Chávez. "Foi com muita tristeza que recebi a notícia do falecimento do presidente Hugo Chávez. Tenho orgulho de ter convivido e trabalhado com ele pela integração da América Latina e por um mundo mais justo", diz a nota.
Dilma cancela agenda por causa da morte de Chávez
A morte do presidente venezuelano, Hugo Chávez, provocou o cancelamento da agenda que a presidente Dilma Rousseff cumpriria na Argentina a partir de quinta-feira.
Após um percurso de 8 quilômetros pelas ruas de Caracas, que durou mais de sete horas, o caixão com o corpo do presidente Hugo Chávez chegou, por volta das 17h40, à Academia Militar, onde está sendo velado em capela ardente. Acompanhado por uma multidão de simpatizantes, em sua maioria vestidos de vermelho ou nas cores da bandeira venezuelana (azul, vermelho e amarelo), o cortejo partiu do Hospital Militar ainda de manhã.
Ao chegar ao local do velório, os admiradores de Chávez cantaram, mais uma vez, o Hino Nacional. Em seguida, uma banda militar prestou honras ao presidente, que morreu ontem (5) à tarde de câncer, aos 58 anos.
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À frente do cortejo, seguia um soldado que empunhava una réplica da espada do libertador Simón Bolívar. A urna com o corpo de Chávez foi escoltada pela multidão e por membros de seu governo, entre eles, o vice-presidente executivo Nicolás Maduro, o ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, o chanceler Elías Jaua, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, o ministro do Esporte, Héctor Rodríguez, e a vice-presidenta do Parlamento, Blanca Eekhout. O presidente da Bolívia, Evo Morales, também participou da caminhada de despedida.
A multidão de simpatizantes continua manifestando carinho e compromisso com o presidente. "Gostei do homem, gostei da ideia e, desde então, o sigo, o admiro e creio que sua luta não foi em vão", disse uma das admiradoras de Chávez, que seguiram o cortejo até a Academia Militar.
Todo o sistema de transporte público funciona hoje gratuitamente em Caracas. O percurso foi transmitido em rede de rádio e televisão. Desde ontem, as rádios venezuelanas substituíram a programação musical do dia a dia por peças sacras, enquanto os canais de televisão incluíram sinais de luto na tela.
O corpo do presidente Hugo Chávez será sepultado na manhã de sexta-feira (8).
Comoção popular
Com o coração na mão por ter perdido "fisicamente" o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, milhares de seus seguidores tomaram nesta quarta-feira (6) as ruas de Caracas em um emotivo e prolongado cortejo fúnebre no qual, com o grito "Chávez vive, a luta continua", se negavam a crer na morte de sua revolução bolivariana.
Como não podia ser de outra forma, um autêntica maré de massas se despediu do "presidente do povo" no centro da capital em seu percurso de mais de seis horas de duração, no qual muitos choravam desconsoladamente.
"O luto é algo que cada pessoa sente, venho com um coração na mão", disse, às lágrimas e abraçando sua esposa, Alfredo, um engenheiro civil de 45 anos.
"Acho que não poderia viver o resto da minha vida se não acompanhasse o presidente, pelo menos, neste último passeio, ainda que fisicamente", disse ele à Agência Efe.
Desde o começo da manhã, milhares de chavistas se concentraram nas imediações do Hospital Militar de Caracas para acompanhar o corpo do líder até a Academia Militar, onde de hoje e até sexta-feira será realizado seu velório.
Escoltado por membros do governo e da Guarda de Honra Presidencial e, na parte final, também pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, o carro fúnebre avançava lentamente entre uma maré vermelha que lhe mandava beijos, lhe jurava fidelidade e lhe lançava lembranças.
De fato, ao término do percurso, o caixão do presidente já estava repleto de camisetas, flores, fotos e outros objetos, formando uma curiosa coletânea de mostras de carinho.
"Te amarei para sempre, meu pai", dizia um dos improvisados cartazes levados por uma jovem.
As lágrimas de seus fãs incondicionais se fundiam com as dos membros do governo, da Guarda de Honra e dos soldados do forte dispositivo policial disposto para a ocasião.
"Estamos com vocês!", gritavam os chavistas cada vez que avistavam algum ministro ou dirigente político, que ficaram sem seu carismático líder.
Como órfãos se sentiam também hoje muitos venezuelanos na concentração, apesar de estavam convencidos de que o legado que o presidente lhes deixou já é indestrutível.
"Vamos continuar com a luta. Os revolucionários somos afortunados por termos tido esse líder, mas agora temos que nos unir e nos mobilizar", disse Lenin Sevilla, um administrador de 35 anos.
Perto dele, Rosa Valera, uma aposentada de 69 anos, acompanhada por amigas que nem sequer tinham energias para poder falar, afirmou estar "muito comovida, muito triste e pedindo a Deus que o tenha no lugar onde tem que ficar".
E muitos na concentração falavam da morte física de Chávez, mas não da espiritual.
"Chávez somos todos", "Chávez vive, a luta continua" ou inclusive "Chávez, ao Panteão" foram alguns dos lemas e reivindicações ouvidos na concentração.
"Não acho que exista uma pessoa da magnitude de Chávez como político, como ser humano, com um coração de verdade", argumentou Alejandro Reyes, um aposentado de 68 anos.
Nem o sol incessante incomodou seus seguidores, que não quiseram perder esse ato de tributo a um presidente que muitos já veem como um mito.
O chavismo terá tempo para velar Chávez na Academia Militar até sexta-feira, quando líderes de todo o mundo se unirão ao luto que hoje foi oficializado pela Venezuela.
Foco se volta para nova eleição
Em meio à comoção, aliados esperam que o luto público ajude a garantir a sobrevivência da autointitulada revolução socialista quando os eleitores elegerem um sucessor.
Dezenas de milhares de venezuelanos imediatamente tomaram as ruas para homenagear o líder socialista, e o luto e vai continuar durante o velório, nesta quarta-feira.
O futuro das políticas esquerdistas de Chávez, que ganhou a adoração dos venezuelanos pobres mas enfureceu adversários que o acusavam de ditador, agora recai sobre os ombros do vice-presidente Nicolás Maduro, o homem indicado por Chávez para sucedê-lo.
"Na imensa dor dessa tragédia histórica, que tem afetado a nossa pátria, apelamos a todos os compatriotas para estarem vigilantes pela paz, amor, respeito e tranquilidade", disse Maduro.
"Nós pedimos que o nosso povo canalizar essa dor em paz."
Maduro, de 50 anos, ex-motorista de ônibus e líder sindical, provavelmente enfrentará o governador de oposição Henrique Capriles na próxima eleição presidencial.
Autoridades disseram que a votação seria convocada dentro de 30 dias, mas não estava claro se isso significava que seria realizada dentro de 30 dias ou apenas se a data será anunciada nesse período.
Uma recente pesquisa de opinião mostrou Maduro com ampla liderança sobre Capriles, em parte porque ele recebeu a bênção de Chávez como seu herdeiro. É provável ainda que ele se beneficie da onda de emoção após a morte do presidente.
Maduro tem sido um aliado próximo de Chávez há anos e seria muito pouco provável que fizesse grandes mudanças políticas.
Alguns têm sugerido que ele poderia tentar aliviar as tensões com investidores e o governo dos EUA, embora, horas antes da morte de Chávez, Maduro tenha afirmado que os "imperialistas" inimigos tinha infectado o presidente com o câncer como parte de uma série de conspirações com os adversários internos.
Biografia
Chávez nasceu em 28 de julho de 1954, em Sabaneta. Segundo filho entre oito irmãos, antes de se tornar cadete das Forças Armadas, sonhou em ser jogador profissional de beisebol. A infância de Chávez ocorreu em uma época pós-ditadura militar. Na ocasião, a Venezuela vivia os uma democracia incipiente, sob receitas crescentes advindas de petroleiras.
Nas Forças Armadas, enquanto subia na hierarquia militar, estudava os escritos do libertador da Venezuela, Simón Bolívar, além de estudar os filósofos Nietzsche e Plekhanov. Nesta época, começou a prestar atenção à extrema pobreza e desigualdade social do país, em meio ao surgimento de uma elite venezuelana.
Chávez organizou militares em uma conspiração para substituir o que classificava de uma falsa e venal democracia. Em 1992, liderou uma tentativa fracassada de golpe militar. Apesar disso, seu discurso de rendição, transmitido em rede nacional, impulsionou sua carreira política.
Após dois anos de prisão, Chávez foi libertado e adotado como líder nominal por uma coalizão de movimentos de base e partidos de esquerda. Nas eleições de 1998, este grupo o levou à vitória, com apoio não apenas dos pobres, mas de classe média saturada dos partidos políticos tradicionais.
Pouca gente fora da Venezuela, até então conhecida apenas por misses e pelo petróleo, sabia como avaliar a chegada ao poder de um líder temperamental que elogiava Fidel Castro, mas que dizia não ser nem de direita nem de esquerda, mas sim adepto de uma "terceira via" à moda do britânico Tony Blair. Em poucos anos, Chávez se tornou uma das figuras mais reconhecíveis, e polarizadoras, do planeta.
Em abril de 2002, o presidente foi alvo de um golpe de estado, conduzido por elites venezuelanas, com o apoio de George W. Bush. Reconduzido ao poder, Chávez radicalizou seu discurso: passou a declarar-se socialista e estatizou setores da economia. Com a disparada nos preços do petróleo, custeou a abertura de clínicas de saúde equipadas com pessoal cubano e outros programas sociais, aliviando a pobreza.
O presidente era, constantemente, criticado por ter aparelhado a mídia estatal para promover um culto de personalidade. Além disso, oposicionistas o acusavam de ter reforçado o controle sobre as Forças Armadas, o Judiciário e o Legislativo.
Em 2000, um ano depois da aprovação da nova Constituição do país, Chávez voltou a ganhar as eleições. No ano passado, o presidente foi reeleito para um novo mandato de seis anos.
Hugo Chavez, da infância ao poder
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