Após o ataque a um navio carregado com ajuda humanitária aos palestinos da Faixa de Gaza, Israel enfrenta pressões externas e internas. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu ontem ao país que suspenda imediatamente seu bloqueio a Gaza. O chefe das Nações Unidas afirmou ainda que se o governo israelense tivesse atendido ao apelo internacional para tal medida, o ataque que resultou na morte de nove ativistas de direitos humanos não teria ocorrido.
Em outra frente, o Conselho de Segurança da ONU pediu uma investigação "imediata e digna de crédito" sobre o ataque ao navio com ajuda humanitária.
Israel impôs o bloqueio a fim de enfraquecer o movimento radical islâmico Hamas, que tomou o controle da faixa territorial na costa do Mediterrâneo em 2007.
O Exército de Israel atacou na madrugada de segunda-feira o comboio organizado pela ONG Gaza Livre um grupo de seis navios , que transportava mais de 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.
Pressão interna
O governo israelense também passou a ser alvo de uma bateria de ataques domésticos de grosso calibre. Na imprensa as críticas se multiplicam contra a desastrada interceptação militar.
Algumas questões intrigam os israelenses. Entre elas, as principais são: por que Israel enviou um comando de elite, treinado para situações de guerra, para lidar com ativistas? Se havia indícios de sobra de que os tripulantes reagiriam com violência a qualquer abordagem, porque os soldados foram pegos de surpresa? Por que a ação se deu em águas internacionais? "Era para ser uma operação muito simples, em que o Exército tem total controle da comunicação dos navios e capacidade de saber qual seria a reação dos ativistas", diz o general da reserva Daniel Rothschild.
A crise corrói ainda mais a imagem de Israel no mundo, que já vinha se deteriorando desde a ofensiva em Gaza, há um ano e meio. Mesmo diante da pressão internacional, o governo de Israel tachou de "hipócrita" a posição da ONU.
Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou a ação de Israel e disse que os líderes "precisam aprender a dialogar mais". "Israel não tinha o direito de ter feito o que fez. Mas vamos esperar que haja melhores investigações", afirmou.
Os EUA, aliados de Israel, permaneceram relutantes em condenar o ataque. A cautela da Casa Branca foi vista como tentativa de evitar complicar ainda mais os esforços em prol de negociações de paz no Oriente Médio.