O fatal ataque militar de Israel contra barcos que tentavam quebrar o bloqueio e levar ajuda humanitária a Gaza comprometeu o esforço do presidente Barack Obama para fazer avançar as negociações de paz no Oriente Médio. Também reforçou a pressão sobre a relação já tensa entre americanos e israelenses.
Apesar de a resposta do governo dos EUA ao ataque ter sido contida, a portas fechadas oficiais americanos expressaram espanto não apenas com o ataque, que aprofunda o isolamento israelense, mas também com o momento em que chega esta crise, em que negociações mediadas pelos EUA estavam em andamento o presidente Benjamin Netanyahu estava em Washington para isso.
Analistas de política externa acreditam que o episódio deixa clara a dificuldade de tentar negociar a paz com a Autoridade Nacional Palestina (ANP) sem lidar com a questão de que é o Hamas quem controla Gaza.
A organização islâmica recusa-se a reconhecer a existência de Israel, mantém distância da ANP e rejeita negociar a paz. Com isso, Gaza tem comprometido repetidamente as negociações entre israelenses e palestinos.
Oficialmente, o governo Obama apoia o bloqueio a Gaza, assim como o fazia o governo Bush. Mas, nos bastidores, o presidente tem, de acordo com assessores, expressado sua frustração com a crise humanitária na região.
Em um momento em que os EUA cada vez mais relacionam seus interesses no Oriente Médio à incapacidade de israelenses e palestinos em chegar à paz, a tensão sobre as mortes da última segunda-feira podem aprofundar a divisão entre os governos Obama e Netanyahu justamente quando ambos estavam superando suas diferenças.
As conversas indiretas que vinham ocorrendo entre israelenses e palestinos, com americanos no meio, são vistas como um retrocesso após duas décadas de negociação direta.
Mas ao menos elas mantêm o fluxo da conversa.
O enviado de Obama para o Oriente Médio, George Mitchell, tem ido de um lado a outro há mais de um ano, numa preparação para negociações diretas.
Seja qual for o resultado da pressão internacional desta semana, analistas que aconselham Obama concordam que, se ele quiser avançar nas conversações pela paz, precisará lidar com o assunto espinhoso do bloqueio a Gaza.
A situação na Faixa de Gaza é motivo de reprovação por toda a comunidade internacional, o que causa desconforto à Casa Branca.