Protesto em frente da Casa Branca pede corte de ajuda militar a Israel: EUA temem complicação nas negociações de paz no Oriente Médio| Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Egito abre passagem na fronteira

Milhares de moradores da Fai­­xa de Gaza correram ontem para a fronteira com o Egito, esperan­­do aproveitar uma inesperada oportunidade de sair do território bloqueado, enquanto uma milícia palestina no norte de Ga­­za denunciou um ataque aéreo israelense no qual morreram três de seus membros.

O Egito anunciou a abertura temporária da fronteira, um dia após o mortífero ataque israelense a uma flotilha que levava ajuda a Gaza.

Em automóveis carregados de malas ou mesmo a pé, milhares de palestinos de Gaza correram até a fronteira, vigiados por policiais do Hamas com armas automáticas.

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Após o ataque a um navio carregado com ajuda humanitária aos palestinos da Faixa de Gaza, Israel enfrenta pressões externas e internas. O secretário-geral da Organi­­zação das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu ontem ao país que suspenda imediatamente seu bloqueio a Gaza. O chefe das Nações Unidas afirmou ainda que se o governo israelense tivesse atendido ao apelo internacional para tal medida, o ataque que re­­sultou na morte de nove ativistas de direitos humanos não teria ocorrido.

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Em outra frente, o Conselho de Segurança da ONU pediu uma in­­vestigação "imediata e digna de crédito" sobre o ataque ao navio com ajuda humanitária.

Israel impôs o bloqueio a fim de enfraquecer o movimento ra­­dical islâmico Hamas, que tomou o controle da faixa territorial na costa do Mediterrâneo em 2007.

O Exército de Israel atacou na madrugada de segunda-feira o comboio organizado pela ONG Gaza Livre – um grupo de seis na­­vios –, que transportava mais de 10 mil toneladas de ajuda hu­­ma­­nitária para a Faixa de Gaza.

Pressão interna

O governo israelense também pas­­sou a ser alvo de uma bateria de ataques domésticos de grosso calibre. Na imprensa as críticas se multiplicam contra a desastrada interceptação militar.

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Algumas questões intrigam os israelenses. Entre elas, as principais são: por que Israel enviou um comando de elite, treinado para situações de guerra, para lidar com ativistas? Se havia indícios de sobra de que os tripulantes reagiriam com violência a qualquer abordagem, porque os soldados foram pegos de surpresa? Por que a ação se deu em águas internacionais? "Era para ser uma operação muito simples, em que o Exército tem total controle da comunicação dos navios e capacidade de sa­­ber qual seria a reação dos ativistas", diz o general da reserva Da­­niel Rothschild.

A crise corrói ainda mais a imagem de Israel no mundo, que já vi­­nha se deteriorando desde a ofen­­siva em Gaza, há um ano e meio. Mesmo diante da pressão internacional, o governo de Is­­rael tachou de "hipócrita" a posição da ONU.

Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou a ação de Israel e disse que os líderes "precisam aprender a dialogar mais". "Israel não tinha o direito de ter feito o que fez. Mas vamos esperar que haja melhores investigações", afirmou.

Os EUA, aliados de Israel, permaneceram relutantes em condenar o ataque. A cautela da Casa Branca foi vista como tentativa de evitar complicar ainda mais os esforços em prol de negociações de paz no Oriente Médio.

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