Os governos europeus começam a divergir sobre a manutenção de Dominique Strauss-Kahn no comando do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas continuam a defender que o possível substituto seja do bloco.
A ministra das Finanças da Espanha, Elena Salgado, foi uma das vozes mais eloquentes contra o francês, que está preso em Nova York desde sábado, acusado de atacar sexualmente uma camareira do hotel onde se hospedava.
Ressaltando que a investigação está em andamento, ela disse que as acusações são graves. "Se tiver que mostrar minha solidariedade e apoio a alguém, será para a mulher que foi atacada, se isso for comprovado.
Já a ministra austríaca Maria Fekter disse que Strauss-Kahn deveria se dar conta de que está prejudicando a imagem do organismo.
Porém, nem todos os políticos que estavam em Bruxelas para aprovar a ajuda de 78 bilhões de euros a Portugal concordam com a saída do dirigente. Jean-Claude Juncker, premiê de Luxemburgo e presidente do grupo de ministros das Finanças da zona do euro, disse que era "indecente perguntar sobre a sucessão. "Strauss-Kahn não renunciou. Não sei se ele é culpado. Por que metade dos governos europeus está agora em processo de perguntar quem pode ser o sucessor?, disse ele, que é amigo do francês.
Mas todos que falam sobre o caso são claros que um europeu deve continuar como diretor-gerente do FMI, repetindo o que ocorre desde sua criação, nos anos 1940.
Para os europeus, a manutenção do comando do FMI é importante em parte pelo prestígio, abalado por maus resultados econômicos. Mas também porque o Fundo vem tendo importante papel na ajuda a países da região alguns emergentes dizem que em condições mais generosas que as habituais.
A questão é como os Estados Unidos vão se comportar nesse processo, em que os emergentes querem ter um representante no comando do Fundo. Se a tradição é que os europeus ocupem o principal posto do FMI, o mesmo ocorre com os americanos no Banco Mundial. Aprovar um não europeu agora deve afetar também o processo no Bird.
Contatos
Representantes do Fundo estão contatando os advogados de Strauss-Kahn para discutir o futuro dele na organização, disseram duas fontes citadas pela Dow Jones. "Eles inquiriram gentilmente, por intermédio de seus advogados, sobre os planos dele", afirmou uma das fontes.
O diretor preso é pré-candidato à próxima eleição presidencial do país e, até antes do escândalo, liderava as pesquisas de intenção de voto. Caso seja considerado culpado e sentenciado à pena máxima por todas as sete acusações, ele poderá ser condenado a 74 anos e 3 meses de prisão.
Strauss-Kahn teve seu pedido de liberação sob fiança negado na segunda-feira e foi transferido para o complexo penitenciário da Ilha Rikers, em Nova York. Ele deverá comparecer a um tribunal novamente na sexta-feira.