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Opinião

Crise iraquiana ameaça fragmentar o país em três regiões distintas

Moradores inspecionam área atingida pelo ataque de um carro-bomba em Bagdá nesta quinta-feira | REUTERS/Ahmed Saad
Moradores inspecionam área atingida pelo ataque de um carro-bomba em Bagdá nesta quinta-feira (Foto: REUTERS/Ahmed Saad)

* Texto de Gutenberg Teixeira, professor de Relações Internacionais e doutorando em Responsabilidade Jurídica pela Universidade de León, na Espanha

A única certeza em relação ao Iraque hoje é de que a crise política é grave. Tanto que já se pode falar na possível fragmentação do país em três regiões independentes: a região sunita controlada pelo Estado Islâmico (EI), a xiita em Bagdá e a região autônoma curda.

Caso tal hipótese se confirmasse, o futuro do Oriente Médio estaria irremediavelmente comprometido pelo radicalismo do EI, que converteria territórios ocupados em possíveis bases para radicais islâmicos e outros grupos militantes da região, especialmente na Síria.

A parte xiita poderia buscar apoio sob a influência do Irã, que já ofereceu auxílio para Bagdá tentar manter o controle da situação. Teerã manifesta-se contra a intervenção de Washington, defendendo o plano de projeção regional e partícipe importante na política da região.

O surgimento de um território independente curdo seria o passo decisivo no processo de construção do estado Curdo, o Curdistão. Considerando que o povo curdo vive em vários países da região (Turquia, Síria, Iraque e Irã), a criação do Curdistão poderia catalisar processos de independência em outras províncias curdas desses países, um desafio regional para Turquia que possui antecedentes históricos de conflito com os movimentos pela independência curda em território turco.

A crise atual do Iraque representa um risco grave para a segurança regional e internacional já que o colapso do Estado iraquiano poderia exportar a violência para países vizinhos e até para países bem distantes. Isso se comprova pela atuação de militantes do Estado Islâmico em zonas além das áreas de combate.

Na Espanha, em Madri, foram detidos nove membros do EI que buscavam recrutar espanhóis para enviá-los para lutar na Síria e no Iraque. Os detidos utilizavam uma chácara próxima da cidade de Ávila (a 100 km de Madri) para treinamento de adaptação para a vida em zonas de combate.

A capacidade de recrutar em zonas distantes tem permitido ao EI contar com mais de 10 mil membros combatentes, enfrentando com sucesso dois exércitos nacionais — na Síria e no Iraque — para lograr o principal objetivo de controlar uma região que vai da cidade síria de Aleppo até as iraquianas de Faluja, Mossul e Tal Afar.

O próximo passo do EI será avançar para outros países do Oriente Médio, do norte da África e para o sul da Espanha.

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