Honduras foi readmitida ontem na Organização dos Estados Americanos (OEA) depois de quase dois anos de suspensão após o golpe de Estado de junho de 2009. A organização, sediada em Washington, disse que o levantamento da suspensão passou a valer imediatamente após a votação, na qual a decisão foi aprovada por 32 votos a 1. Somente o Equador se opôs à moção.
A declaração não incluiu um parágrafo sobre a necessidade de serem julgados os mentores e os responsáveis materiais pelo golpe de Estado de 2009. A chanceler da Colômbia, María Angela Holguín, que presidiu a sessão extraordinária, teve uma reunião logo após a votação com a vice-presidente de Honduras, María Antonieta Guillén, a qual disse durante a plenária que "não foi nada fácil para Honduras chegar aqui".
Guillén afirmou que o regresso à OEA serve como uma "profunda reflexão" para que os hondurenhos aprendam o que significou a crise política que o país viveu em 2009. Ela se disse favorável à criação de um sistema de alerta que impeça a deterioração da democracia e também de um papel para a "democracia preventiva".
A sessão teve um atraso de três horas, porque antes do início dos trabalhos o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu uma reunião de emergência com Holguín e com o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza.
Maduro queria incluir no documento uma cláusula que determinasse o julgamento dos golpistas. A OEA rechaçou a sugestão, mas o atraso de três horas levou ao cancelamento de um discurso que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, faria no plenário da OEA.
O Equador disse que as condições para o retorno de Honduras à organização ainda não são apropriadas em razão da situação dos direitos humanos no país e do fato de que os que estiveram por trás do golpe não foram julgados. O Equador afirmou que a decisão de reincorporar Honduras à OEA foi "prematura".
A OEA decidiu reintegrar Honduras após a Colômbia e a Venezuela conseguirem em abril um acordo político com o presidente hondurenho Porfírio Lobo, o qual permitiu a volta do ex-presidente José Manuel Zelaya a Honduras, no sábado passado.
Zelaya, derrubado no golpe de 2009, estava exilado na República Dominicana. Com o acordo mediado por Colômbia e Venezuela, as acusações que pesavam sobre Zelaya na Justiça hondurenha foram retiradas.
Antes do acordo firmado em Cartagena das Índias, na Colômbia, Brasil, Argentina, Equador, Bolívia e Nicarágua eram os países que insistiam que a reintegração de Honduras à OEA deveria ser precedida pela volta de Zelaya a Tegucigalpa.