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Crise na América

Diálogo está "estagnado", diz negociador de Zelaya

As conversas entre negociadores do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do governo de facto (expressão utilizada pela diplomacia para designar o governo golpista), liderado por Roberto Micheletti, entraram em um impasse na noite de segunda-feira (19). Um representante de Zelaya, Víctor Meza, descreveu as conversas como "estagnadas". "O diálogo, ainda que não esteja interrompido encontra-se em evidente fase de obstrução."

O enviado do líder deposto qualificou a última proposta do governo de Micheletti como "insultante". Meza disse que o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), que se reunirá amanhã em Washington, "deveria avaliar e decidir" sobre a situação em Honduras.

A crise política paralisou o empobrecido país da América Central desde 28 de junho, quando Zelaya foi deposto e expulso do país em um golpe militar apoiado pelo Legislativo e pelo Judiciário. Em 21 de setembro, Zelaya voltou a Tegucigalpa e, desde então, está abrigado na Embaixada do Brasil. Líderes e organizações regionais pressionam por um acordo antes das eleições presidenciais marcadas para 29 de novembro, ameaçando não reconhecer a disputa.

"Eu espero que eles façam uma proposta séria, mas mantenho sérias reservas", disse Zelaya na embaixada brasileira. "Nós acreditamos que sempre haverá uma porta aberta, mas devemos denunciar nacional e internacionalmente a manipulação que ocorreu", afirmou ele, em entrevista à Rádio Globo, de Honduras.

Suprema Corte

O governo de Micheletti quer que a Suprema Corte decida sobre a volta de Zelaya. Porém, o líder deposto denuncia esse órgão como parte integrante do golpe de Estado. A corte acusou Zelaya de 18 crimes, relacionados à tentativa do presidente de tentar mudar a Constituição, com o objetivo de se reeleger.

A crise motivada pelas tentativas de Zelaya de reformar a Carta convocando um referendo foi o estopim do golpe. Some-se a isso o fato de Zelaya, eleito por um partido de direita, ter se aproximado de governos de esquerda da região, como o do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, causando descontentamento entre seus aliados.

O regime de Micheletti suspendeu, na segunda-feira, um decreto que restringia os direitos civis no país. O diálogo entre os rivais, porém, "pende por um fio", na expressão do jornal local "El Heraldo".

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