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O governo de facto de Honduras abrandou as restrições aos protestos e à mídia oposicionista nesta segunda-feira, enquanto as negociações prosseguiam pela terceira semana consecutiva sem um acordo sobre a volta ao poder do presidente deposto, Manuel Zelaya.

Zelaya, que foi obrigado por soldados a sair do país em 28 de junho, voltou clandestinamente a Honduras no mês passado e buscou refúgio na Embaixada do Brasil. O líder de facto, Roberto Micheletti, respondeu mobilizando soldados ao redor da embaixada, impondo restrições à liberdade de imprensa e proibindo grandes passeatas.

Micheletti havia prometido suspender as medidas de emergência em 5 de outubro após duras críticas internacionais, mas o decreto foi revertido no diário oficial apenas na segunda-feira.

Uma estação de rádio e um canal de TV pró-Zelaya, que tiveram seus equipamentos confiscados por soldados mascarados após a ordem executiva, ainda estão fora do ar.

As negociações sobre como resolver a pior crise política na América Central em décadas devem recomeçar na segunda-feira. A Organização dos Estados Americanos (OEA) insiste para que Zelaya seja restituído, o que se tornou o principal ponto de divergência nas conversas.

Os negociadores de Micheletti disseram na sexta-feira que a Suprema Corte deveria decidir se Zelaya podia voltar ao cargo. Mas foi a corte que determinou a deposição do presidente esquerdista, argumentando que ele violou a Constituição numa tentativa de permitir a reeleição presidencial, e é improvável que permita seu retorno.

O golpe militar em Honduras trouxe de volta as memórias do passado sombrio da América Central, com guerras civis e violência patrocinada pelo Estado nos anos 1970 e 1980. Ele também representa um problema para o presidente dos EUA, Barack Obama, que prometeu melhorar as relações do país com a América Latina.

Zelaya classificou a proposta apresentada pelos governantes de facto na semana passada como uma "piada".

"Estamos aguardando para que o sr. Micheletti apresente uma proposta séria. Se vierem com a mesma proposta apresentada na sexta-feira, vamos encarar isso como uma indicação de que não estão interessados no diálogo", disse o enviado de Zelaya, Victor Meza, à Reuters na noite de domingo.

Embora o governo de facto diga que está participando das negociações com boas intenções, alguns analistas afirmam que Micheletti está apenas buscando um tempo, na esperança de permanecer na chefia do governo até que um novo presidente seja escolhido nas eleições de 29 de novembro.

"Acho que eles estão apenas brincando de gato e rato. Não há solução na direção em que estão indo", disse o analista político hondurenho Juan Ramon Martinez.

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