A indústria da carne responde por um quinto da emissão global de gases de efeito estufa, mais do que todo o transporte existente no planeta. Nesse cenário, a carne bovina é a maior culpada, uma vez que para ser produzida requer quase 30 vezes mais terras e 11 vezes mais água do que as carnes de porco ou frango.
O Conselho de Ética da Dinamarca, órgão de pesquisas ligado ao governo de Copenhague, lançou um documento dizendo que, à luz desses fatos, é um “dever ético” da população do país mudar seus hábitos alimentares. Além disso, defendeu que os alimentos fossem taxados de acordo com seu impacto no clima.
20% do total
de emissão de gases do efeito estufa no mundo é derivada da produção de carne, mais do que o gerado pelo transporte.
A proposta agora vai para os legisladores dinamarqueses. Segundo o projeto, o imposto recairia inicialmente sobre a carne bovina, e em seguida seria expandido para todas as carnes vermelhas, e possivelmente outras fontes de alimento.
A Dinamarca é um país pequeno e o efeito econômico de um imposto dessa espécie seria relativamente pequeno. Por outro lado, o tamanho da nação permite inserir a “vida mais verde” na rotina das pessoas. Mais de um terço dos moradores de Copenhague usa bicicleta para o trabalho, e apenas 29% possui um carro. O governo tem um plano para tornar o país livre de combustíveis fósseis até 2050.
Mickey Gjerris, porta-voz do Conselho de Ética, disse que parte do objetivo do imposto é reduzir as emissões. “Atuar sobre os alimentos que afetam o clima também irá contribuir para sensibilizar a sociedade”, afirmou.
Sem ignorar os benefícios [do consumo consciente], devemos lembrar que a vida humana tem um custo climático.
Ingleses
No Reino Unido, o instituto Chatham House recomendou algo semelhante em novembro, mas a proposta na Dinamarca é mais forte, principalmente por partir de um órgão ligado ao governo.
Dilema
Os americanos comem cerca de 90 quilos de carne per capita por ano, mais que o dobro da média mundial. Além disso, o consumo global de carne está aumentando em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento. Em um artigo recente, Tamar Haspel, ensaísta especializado em alimentação e ciência, expôs o dilema em termos diretos:
“Mesmo que o impacto no clima seja uma prioridade, é importante olhar para os dados relativos à alimentação levando em consideração outros fatores, como o estilo de vida. O consumo de feijão é melhor do que o de carne. Dirigir um carro elétrico é melhor do que dirigir um pesado SUV. O número de filhos também é uma decisão com impacto no clima. Ou seja, sem ignorar os benefícios do feijão ou do Prius na garagem, devemos reconhecer que a sobrevivência humana tem um custo climático.”
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