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Opinião pública

Discurso de Obama faz crescer apoio a reforma no sistema de saúde dos EUA

Presidente Obama fala sobre a reforma na saúde em Washington: opinião pública aprova discurso do presidente | Jim Young / Reuters
Presidente Obama fala sobre a reforma na saúde em Washington: opinião pública aprova discurso do presidente (Foto: Jim Young / Reuters)

Ao discursar na noite desta quarta-feira (10) diante do Congresso, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pode ter alcançado seu principal objetivo: mobilizar congressistas e a opinião pública para destravar a reforma do sistema público de saúde. Segundo uma pesquisa da rede de TV CNN divulgada nesta quinta-feira (10), o apoio à mudança - já considerada a principal iniciativa doméstica do governo Obama - subiu 14 pontos porcentuais com o discurso do presidente, indo de 53% a 67%.

Um em cada sete americanos que assistiu ao pronunciamento, concluiu a pesquisa, mudou de opinião e passou a apoiar a ofensiva governista.

Já encampada - sem sucesso - pelos governos Richard Nixon, George H. W. Bush e Bill Clinton, a campanha pela reforma no sistema de saúde consumiu nos últimos meses parte da popularidade de Obama, eleito com uma aprovação de mais de 70%. A piora na guerra no Afeganistão acelerou a queda e, atualmente, o índice de apoio ao presidente está em 57%, segundo pesquisa do jornal The Washington Post.

Nesta quinta, o líder do comitê de Finanças do Senado, o democrata Max Baucus, afirmou que o discurso de Obama aumentou a confiança de congressistas tanto democratas quanto republicanos que tentam negociar uma reforma bipartidária. "A fala do presidente deu novo fôlego ao que estávamos fazendo", disse Baucus.

A líder do governo no Congresso, Nancy Pelosi, disse esperar que Obama assine a lei que selará a reforma até o fim do ano. O vice-presidente, Joe Biden, foi ainda mais otimista e declarou que Obama pode passar a mudança já no feriado de Ação de Graças, em novembro.

Segundo ele, o pronunciamento de ontem "reposicionou" o debate e agora há "consenso bipartidário" em relação à mudança, à exceção da discussão sobre a criação de uma agência estatal de Saúde.

"Acho que o mais importante é que Obama desbancou mitos que haviam sido criados, como a ideia de que eutanásia estaria em discussão, ou que imigrantes ilegais teriam cobertura", completou.

Vozes de peso do Partido Republicano, no entanto, adotaram um tom mais cauteloso. Rival derrotado por Obama nas eleições do ano passado, o senador John McCain disse apoiar a reforma, "mas a conta a ser paga pelo plano ainda não fecha", defendeu.

Oficialmente a Casa Branca fala em um custo de US$ 900 bilhões com a mudança, em dez anos. Especialistas, porém, afirmam que a reforma poderá envolver um montante de até US$ 2,5 trilhões.

"Temos de realizar (a reforma), mas de uma forma bipartidária", insistiu McCain. "Não podemos repassar mais um trilhão de dólares em dívidas para a próxima geração. Isso seria um roubo."

Em discurso à Associação Americana de Enfermagem, nesta quinta, Obama reforçou a mensagem que tentou passar ao Congresso na quarta-feira. "O tempo de conversas, porém, está terminando", enfatizou o presidente.

Obama ainda agradeceu o apoio da organização de enfermagem à reforma e atacou as "distrações ideológicas".

No decorrer do dia, o deputado republicano Joe Wilson, da Carolina do Sul, fez o que pôde para se livrar das críticas causadas por seu rompante durante o discurso do presidente americano, Barack Obama, no Congresso.

Na noite de ontem, enquanto Obama explicava que a reforma no sistema de saúde não beneficiaria imigrantes ilegais, foi interrompido por um grito de Wilson: "É mentira."

Nancy Pelosi lançou um olhar fulminante para o deputado. A primeira-dama, Michelle Obama, mordeu os lábios e franziu as sobrancelhas. O vice-presidente, Joe Biden, olhou para o chão, balançando a cabeça. Desconcertado, Obama parou por um instante, antes de retomar o raciocínio.

Após o discurso, Wilson deixou o plenário sem falar com ninguém e foi bombardeado com críticas por todos os lados. "Nunca vi coisa igual no Congresso", disse a deputada democrata Maxine Waters. "Estamos todos constrangidos."

"É inaceitável", afirmou o senador John McCain, candidato presidencial republicano derrotado por Obama no ano passado. "O presidente merece respeito e decoro."

O deputado desculpou-se e disse que o grito foi "espontâneo". Ele lamentou ter "se deixado levar pelas emoções".

Obama aceitou as desculpas, mas o caso não foi encerrado. O democrata Rob Miller, rival de Wilson na Carolina do Sul, arrecadou US$ 200 mil em 12 horas para derrotá-lo nas eleições do ano que vem. Mas Nancy Pelosi indicou que não punirá o deputado brigão: "É hora de falarmos sobre a reforma da saúde, não sobre Wilson."

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