Membros do partido governista do Iêmen, incluindo três ex-ministros, formaram na segunda-feira um novo bloco para apoiar os protestos contra o presidente Ali Abdullah Saleh.

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Os protestos contra a pobreza e a corrupção, inspirados por revoltas que derrubaram os líderes do Egito e da Tunísia, já entraram no seu terceiro mês, levando dezenas de milhares de pessoas às ruas quase todos os dias. Dezenas de manifestantes foram mortos nas últimas semanas.

Na segunda-feira, pelo menos 88 pessoas ficaram feridas na cidade portuária de Hudaida, quando policiais à paisana dispararam tiros e gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que responderam lançando pedras, segundo relato de testemunhas e médicos.

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Após anos apoiando Saleh por considerá-lo um baluarte contra a instabilidade regional e as atividades da Al Qaeda iemenita, a Arábia Saudita e os Estados Unidos agora pressionam o presidente a negociar com a oposição para entregar o poder.

O novo partido, chamado Bloco Justiça e Desenvolvimento, é contra a repressão aos protestos e exige a renúncia de Saleh, no poder há 32 anos, disse à Reuters o líder da nova facção, Mohammed Abu Lahoum.

O novo partido inclui ex-ministros de Turismo, Direitos Humanos e Transportes, todos egressos do partido governista, além de vários parlamentares, somando-se a diversos membros do governo que já haviam abandonado Saleh.

"Apoiamos a revolução juvenil e estamos com ela", disse Lahoum. "A questão não é a divisão do partido no poder, mas a diferença de opiniões."

Os governos do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), incluindo a Arábia Saudita, se ofereceram para mediar a crise, mas a oposição iemenita rejeita a negociação se não houver garantias de que Saleh vai mesmo abandonar o poder.

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Nenhum avanço foi alcançado numa reunião entre líderes da oposição e os chanceleres do CCG na noite de domingo na Arábia Saudita.

Um funcionário do partido governista disse à Reuters que uma delegação de alto escalão do partido viajaria a Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para uma reunião na terça-feira.

Confrontos

Em Hudaida, moradores disseram à Reuters que policiais à paisana armados com paus, pistolas e pedras atacaram milhares de pessoas que faziam uma passeata fora da praça ocupada há semanas por manifestantes.

"Estamos apelando por ajuda nos suprimentos médicos, realmente estamos sofrendo uma grave escassez (...), a situação médica é muito ruim", disse o manifestante Abdul Jabar Zayed. "Temos alguns amigos desaparecidos e achamos que eles foram presos, ainda estamos fazendo os cálculos, mas não temos um número específico ainda."

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Uma primeira rodada de confrontos deixou 15 feridos, sendo dois baleados e os demais espancados ou apedrejados, segundo médicos. Os manifestantes começaram a recuar para seu acampamento.

Os confrontos foram reiniciados quando os policiais dispararam tiros e bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de manifestantes, segundo testemunhas. Os manifestantes responderam saindo novamente do seu acampamento, desta vez indo na direção da principal rua de Hudaida, disseram moradores.

Cinco pessoas foram baleadas e 68 foram agredidas ou sofreram com a inalação de gás lacrimogêneo, disseram essas fontes. Zayed disse que os manifestantes tinham construído uma barricada para tentar impedir que a polícia se aproximasse das manifestações.