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Polêmica com a Bolívia

DOI-Codi é tão distante de embaixada quanto céu do inferno, rebate Dilma

A presidente Dilma Rousseff rebateu nesta terça-feira (27) afirmação do diplomata Eduardo Saboia de que ele se sentiu na embaixada brasileira em La Paz com um "carcereiro do DOI-Codi".

A fala, em entrevista coletiva após cerimônia solene no Senado, é a primeira declaração pública de Dilma após o episódio que resultou na demissão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, na noite de segunda-feira (26).

Saboia, que trouxe ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina e gerou uma crise diplomática entre os países, fez na segunda referência ao centro de repressão do Exército durante a ditadura onde a presidente ficou presa.

"O senador estava havia 452 dias sem tomar sol, sem receber visitas. Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi [centro de repressão do Exército durante a ditadura]. O asilado típico fica na residência [do embaixador], mas ele estava confinado numa sala de telex, vigiado 24 horas por fuzileiros navais", disse o diplomata.

"Um governo age para proteger a vida. Nós não estamos em situação de exceção, não há nenhuma similaridade. Eu estive no DOI-Codi, eu sei o que é o DOI-Codi. É tão distante o DOI-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno. Literalmente isso", afirmou Dilma.

A presidente disse ainda que "um país civilizado e democrático protege seus asilados" e que a embaixada do Brasil é "extremamente confortável".

"Nós negociamos em vários momentos o salvo-conduto, não conseguimos. Lamento profundamente que o asilado brasileiro tenha sido submetido à insegurança que ele foi. Um Estado democrático civilizado, primeira coisa que faz é proteger a vida, sem qualquer outra consideração. Protegemos a vida, a segurança e garantimos conforto ao asilado", completou.

Ela informou que o ministro Celso Amorim (Defesa) dará esclarecimentos ainda nesta terça-feira sobre a atuação de fuzileiros navais na ação. Ela insistiu que "não tem nenhum fundamento acreditar que é possível que um governo em qualquer país do mundo aceite submeter a pessoa que está sob asilo a risco de vida".

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