Donald Trump venceu a primária do Partido Republicano na Carolina do Sul neste sábado (20), fortalecendo seu favoritismo na corrida republicana à Casa Branca. Com vitórias em duas das três primeiras disputas, o empresário ganha impulso para a chamada “Superterça” (1º de março), momento decisivo da campanha em que ocorrem prévias em 12 estados.
De acordo com a apuração oficial, Trump obteve 32,5% dos votos, o equivalente a 44 dos 50 delegados do partido no Estado. Com o triunfo, ele abre uma boa frente sobre seus adversários diretos, os senadores Marco Rubio e Ted Cruz, mas a disputa ainda está longe de uma definição: para ganhar a indicação do partido na convenção republicana, marcada para julho, ele precisará de pelo menos 1.237 delegados.
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“Não é nada fácil concorrer à presidência”, disse o magnata em seu discurso da vitória. “É duro, é perverso, é malvado, é cruel, é lindo. Quando você vence é lindo e nós vamos começar a ganhar para o nosso país”.
A briga pelo segundo lugar foi acirrada e terminou praticamente empatada, com ligeira vantagem para Rubio (22,5%) em relação a Cruz (22,3%). Em seu discurso, Donald Trump parabenizou os dois pelo desempenho, fazendo uma breve trégua na guerra de acusações que vem travando com os rivais, principalmente Ted Cruz, a quem chamou de “escória” no Twitter durante a votação.
Mas o empresário não poupou outro alvo habitual de seus ataques, os analistas políticos. Trump ironizou a previsão de que seus rivais herdarão os votos dos pré-candidatos desistentes. A última baixa da campanha foi o ex-governador da Flórida Jeb Bush, que decidiu sair da corrida depois de fracos desempenhos nas três primeiras prévias. Na Carolina do Sul, Jeb chegou em quarto, com 7,8% dos votos.
“O que esses gênios não entendem é que à medida em que pessoas saem, eu também vou receber muitos desses votos”, afirmou Trump.
Com oito bases militares instaladas no Estado e uma das populações mais religiosas dos Estados Unidos, a segurança doméstica e os valores dos candidatos estiveram no topo das preocupações dos eleitores nas primárias da Carolina do Sul.
A ascensão da facção terrorista Estado Islâmico e os atentados em Paris (novembro de 2015, 130 mortos) e em San Bernardino, na Califórnia (dezembro de 2015, 14 mortos), aumentaram a importância da segurança entre os temas da campanha, superando o futuro da economia, que costuma ser a principal preocupação em quase todas as eleições.
Não houve surpresas nos resultados, que de forma geral confirmaram as pesquisas de opinião. Além de consolidar o favoritismo de Trump, a votação confirmou a ascensão de Marco Rubio. Em seus discursos no Estado nos últimos dias, Rubio carregou no elemento religioso de olho no voto dos evangélicos, que constituem 60% da população do Estado. Aliado a seu apelo como candidato republicano com maior elegibilidade, ele conseguiu ficar na frente do ultraconservador Cruz, que venceu a prévia de Iowa (Meio-Oeste), a primeira da campanha, em grande parte graças aos votos dos evangélicos.
Ao discursar pouco depois da divulgação dos primeiros resultados, Cruz citou a vitória em Iowa para enfatizar suas chances de virar o jogo. “Somos a única campanha que venceu Donald Trump e pode vencer Donald Trump. É por isso que Donald nos ataca incessantemente e ignora todos os outros candidatos”, disse Cruz.
A ruidosa campanha republicana, com trocas de acusações diárias entre os pré-candidatos, deixou muitos republicanos da Carolina do Sul indecisos até o último momento.
Foi o caso do comerciante Evan Wilson, 33, que descreveu os últimos dias de indecisão como uma “montanha-russa”. Foi só pouco antes de votar que clicou o nome de Marco Rubio na urna eletrônica, por achar que o jovem senador tem mais chances de derrotar os democratas na eleição geral de novembro.
Ele chegou a considerar Trump, mas acabou optando pelo voto útil em Rubio. “Gosto do fato de Trump não ser um político, mas suas ideias não são realistas. Para falar a verdade, o populismo dele me assusta”, disse Wilson à Folha logo após votar numa escola de Columbia, a capital do Estado.
Para os eleitores da Carolina do Sul, a votação deste sábado tem o potencial de definir o rumo da eleição. Os republicanos do Estado sulista têm orgulho de seu histórico de acertos nas primárias. Desde 1980, somente um pré-candidato, Mitt Romney em 2012, ganhou a indicação republicana à Casa Branca sem vencer na Carolina do Sul.
Na parte de baixo da disputa, Jeb terminou em quarto lugar na Carolina do Sul, com 7,8% dos votos, praticamente empatado com o governador de Ohio, John Kasich (7,6%), e com o neurocirurgião aposentado Ben Carson (7,2%). Apesar da lanterna, Carson descartou abandonar a corrida. “Não vou a lugar nenhum”, disse, após o anúncio dos resultados. John Kasich também indicou que continua na corrida.
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