Donald Trump venceu com facilidade a prévia de Nevada nesta terça (23), sua terceira vitória consecutiva na corrida do Partido Republicano à Casa Branca. A série de êxitos dá fôlego à candidatura do empresário para a decisiva “Super Terça”, na próxima semana, quando haverá prévias em vários Estados.
Em seu discurso da vitória, Trump gabou-se de ter recebido quase metade dos votos dos hispânicos, apesar de sua polêmicas envolvendo o México, como chamar os imigrantes do país de estupradores e traficantes de drogas e a promessa de construir um muro na fronteira.
O empresário voltou a debochar dos analistas que duvidaram da sua candidatura e seguiu em seu estilo egocêntrico, de promessas grandiosas, frases de efeito, e pouco conteúdo. “Vocês vão ter orgulho de seu presidente e mais ainda de seu país”, disse Trump diante de empolgados simpatizantes.
Como tem ocorrido em seus comícios, o encerramento foi em tom nacionalista, com os presentes gritando, “USA” (EUA).
Com 71% dos votos apurados, Trump tinha 45%. Em segundo lugar estava o senador Marco Rubio (23,6%), seguido do também senador Ted Cruz (22,3%). Bem atrás, o neurocirurgião aposentado Ben Carson (5,1%) e o governador de Ohio, John Kasich (3,5%).
De azarão a favorito
Desacreditado no início da campanha, Trump acumula vitórias em três Estados bem diversos, primeiro na moderada New Hampshire (Nordeste), depois na religiosa Carolina do Sul (Sul) e agora na conservadora e mais secular Nevada (Oeste), onde mórmons e ativistas rurais têm influência.
Das quatro prévias republicanas, Trump venceu três, e ele lidera a maioria das pesquisas nos Estados da “Super Terça”. O sucesso do empresário assusta a base republicana que o considera um oportunista que já apoiou candidatos democratas e não representa os princípios do partido. Cada vez mais vozes republicanas discutem abertamente a necessidade de interromper a ascensão de Trump -antes que seja tarde demais.
Com sua habilidade em atrair a mídia, promessas bombásticas e ataques constantes aos adversários, o empresário dominou a campanha do começo até aqui.
“Ninguém parou ele porque ninguém realmente tentou”, escreveu em um manifesto Katie Packer, diretora-executiva de um Super Pac (comitê de arrecadação de fundos para candidatos) criado para se opor a Trump. “Em 30 anos na política, eu nunca vi uma campanha em que o favorito não sofre uma campanha estratégica agressiva contra ele.”
Ela afirma que o erro dos outros pré-candidatos foi investir mais em ataques entre si do que contra Trump, que deveria ser o alvo principal. Somados, eles gastaram US$ 215 milhões em anúncios e contatos com eleitores. Somente 4% (US$ 9 milhões) contra Trump, diz ela.
A tendência da maioria da base republicana seria apoiar Marco Rubio, considerado o pré-candidato com melhores chances de derrotar os democratas nas eleições presidenciais de novembro. Para derrotar Trump os outros pré-candidatos deveriam se unir, dizem analistas, mas nenhum deles mostrou até agora que está disposto a abrir mão de sua candidatura.
O ultraconservador Ted Cruz, que venceu a primeira etapa da corrida, na prévia de Iowa, foi ultrapassado por Rubio nas duas últimas. Mas para ele a corrida é entre dois, ele e Trump. “A história ensina que ninguém conseguiu a nomeação sem ganhar uma das quatro prévias. Só eu ganhei de Donald Trump e só eu sou capaz de vencer Donald Trump”, disse Cruz.
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