Internautas comemoram a saída do presidente Hosni Mubarak
Enquanto os manifestantes comemoram nas ruas do Egito, notícia repercute no resto do mundo através de sites e redes sociais.Leia a matéria completa
Brasil
O Brasil espera que a transição de poder no Egito, provocada pela renúncia do presidente Hosni Mubarak, seja feita levando em conta as liberdades políticas e civis e também os direitos humanos da população, segundo nota divulgada há pouco pelo Ministério das Relações Exteriores.
Ainda de acordo com a nota, o Brasil espera que a mudança de poder no país africano ocorra em um ambiente de paz e tranquilidade.
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou nesta sexta-feira (11) que o governo brasileiro vê com "muita simpatia" o fortalecimento do movimento democrático no Egito. Segundo ele, a expectativa internacional é que a transição política no país africano ocorra "sem derramamento de sangue e com respeito aos direitos humanos".
Fatos sobre os 30 anos de Mubarak no poder
- Reuters
* Mubarak, de 82 anos, assumiu o poder depois que militantes islâmicos mataram seu antecessor, Anwar Sadat, em uma parada militar em 1981. Ex-comandante da Força Aérea, Mubarak ficou no poder muito mais tempo do que na época se previa.
* Nas relações internacionais, Mubarak promoveu a paz e, mais recentemente, realizou reformas econômicas. Mas sempre manteve uma linha-dura em relação aos grupos de oposição.
* Resistiu a promover quaisquer mudanças políticas, mesmo quando pressionado pelos Estados Unidos, que concedem bilhões de dólares em ajuda militar ao Egito, entre outras, desde que o país se tornou o primeiro da região a firmar um acordo de paz com Israel, em 1979.
* Mubarak venceu a primeira eleição presidencial da qual tomaram parte vários candidatos, em 2005; grupos de defesa dos direitos humanos e observadores disseram que a eleição foi marcada por irregularidades.
* Na eleição parlamentar realizada em novembro de 2010, o partido governista obteve cerca de 90% das cadeiras, enquanto o principal partido islâmico perdeu todas as suas 88 cadeiras, o que assegurou a Mubarak apoio total do Parlamento e aumentou seu controle sobre o poder.
* Desde a queda no mês passado do líder da Tunísia, Zine al-Abidine Ben Ali, que estava no poder havia muito tempo, os protestos se espalharam pelo mundo árabe, principalmente no Egito, onde a população já se queixava dos preços elevados, pobreza, desemprego e o regime autoritário, exigindo a renúncia de Mubarak.
* Em 25 de janeiro, manifestantes de oposição começaram uma série de protestos ao redor do país pedindo a saída do presidente, que enviou tanques para as ruas numa tentativa de intimidar as pessoas acampadas na praça Tahir, no Cairo.
* Diante da crescente pressão dos manifestantes nas ruas, que avançaram nesta sexta-feira até o palácio presidencial, Mubarak decide renunciar e passar o poder para um Conselho Militar.
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Os egípcios acordaram no sábado para uma nova era, com o fim de 30 anos de Hosni Mubarak no poder, e estão determinados a assegurar que o Exército garanta o regime civil e preparados para usar o poder das ruas novamente se necessário.
Na praça Tahrir, a multidão eufórica celebrava e exigia que as Forças Armadas atendam suas demandas, incluindo a dissolução do Parlamento e a abolição das leis de emergência usadas por Mubarak para esmagar a oposição e a dissidência.
"O Exército está conosco, mas é preciso atender as nossas exigências. Meias-revoluções acabam com nações", disse o farmacêutico Ghada Elmasalmy, de 43 anos, à Reuters. "Agora nós sabemos o nosso lugar, sempre que houver injustiça, nós viremos a praça Tahrir."
Ainda não está clara a disposição do alto comando para uma rápida transição à democracia no país cuja história é marcada por faraós há mais de 5.000 anos e que agora foi transformado por uma revolta popular de 18 dias.
A TV Al Arabiya afirmou que o Exército vai demitir em breve o gabinete e suspender o Parlamento. O chefe do Tribunal Constitucional vai se juntar à liderança no Conselho Militar, que tem a tarefa de dirigir o país de 80 milhões de pessoas.
Apesar das dúvidas sobre o regime militar, a melhor dissuasão para qualquer tentativa de manter os militares no comando é o poder e a energia das ruas, com manifestantes em todo o país unidos para derrubar Mubarak, porque ele governou sem o seu consentimento.
Ditaduras em todo o Oriente Médio agora analisam suas chances de sobrevivência após a queda de Mubarak.
Em Argel, capital da Argélia, dezenas de pessoas se reuniram em uma praça da cidade no sábado, gritando slogans contra o governo. Mas elas foram cercadas por centenas de policiais determinados a oprimir qualquer tentativa de organizar uma revolta ao estilo egípcio.
O futuro de Mubarak, de 82 anos, que estaria em sua residência no resort do Mar Vermelho de Sharm el-Sheikh, permanece incerto.
SOLDADOS SORRIDENTES
A primeira prioridade no Egito é a manutenção da lei e da ordem antes do início da semana de trabalho, que começa no domingo. Tanques e soldados do Exército ficaram nas ruas e cruzamentos guardando prédios importantes, após a polícia desacreditada ter sido desmantelada.
Sem a ameaça de novos confrontos entre o Exército e os manifestantes, moradores do Cairo estão tirando fotografias com flores ao lado de soldados sorridentes em pontos de policiamento para registrar o primeiro dia da nova era pós-Mubarak.
As pessoas estavam comprando jornais estatais que proclamam "A Revolução dos Jovens forçou Mubarak a sair", com imagens de celebrações, para guardar como lembranças preciosas deste marco na história do Egito.
"Eu não imaginava viver para ver este dia ... Só espero que o novo sistema do Egito nos beneficie e realize os nossos sonhos", disse Essam Ismail, um morador do Cairo, de 30 anos. "Eu ainda não consigo acreditar que realmente aconteceu."
OPOSIÇÃO
A oposição do Egito foi sufocada por 30 anos de estado de emergência imposto depois que Mubarak sucedeu Anwar Sadat, assassinado por um oficial islâmico do Exército em 1981.
Não surgiu na oposição uma figura com poder de liderança no Egito como Nelson Mandela, na África do Sul ou Lech Walesa, na Polônia.
Entre os líderes com certa evidência no país estão Ayman Nour, que desafiou Mubarak nas eleições presidenciais mais recentes e mais tarde foi acusado de falsificação e condenado a três anos de prisão. Ele afirma que as acusações tiveram motivação política.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, um ex-ministro das Relações Exteriores, muitas vezes ganhou o apoio público árabe por seus comentários francos. Moussa disse na sexta-feira que iria deixar a organização árabe, que ele dirige há cerca de 10 anos, dentro de algumas semanas.
Há também alguns membros do popular grupo Irmandade Muçulmana e outros partidos de oposição. Ainda não está claro se algum dos jovens líderes anônimos na organização da revolta vão querer ou serão autorizados a participar do governo.
Outra possibilidade é Mohamed ElBaradei, Prêmio Nobel da Paz e ativista da oposição, que iniciou uma campanha no ano passado para a democracia e o fim do atual governo.
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