O governador do Estado do Sinai, Murad Muwafi, no norte do Egito disse que o presidente Hosni Mubarak ordenou a abertura da passagem fronteiriça entre a Faixa de Gaza e a cidade de Rafah por "vários dias" para permitir a entrada de ajuda humanitária no território. Muwafi afirmou que a abertura da passagem, fechada pelo Egito quando o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza em 2007, é um esforço para "aliviar o sofrimento de nossos irmãos palestinos, após o ataque israelense" contra as embarcações.

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O Exército israelense atacou ontem uma flotilha de seis embarcações que pretendia romper o cerco à Faixa de Gaza, que Israel mantém desde 2007. O assalto aos navios, em águas internacionais, deixou pelo menos 9 mortos e 25 feridos, além de 600 passageiros detidos. De acordo com o Exército, os soldados foram recebidos com violência e tiros enquanto tentavam redirecionar a expedição para o Porto de Ashdod, no sul do país.

Já o Movimento Gaza Livre afirma que militares desceram de um helicóptero para o barco Mavi Marmara e começaram a atirar assim que pisaram no convés. O Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) determinou, em reunião emergencial encerrada no início do dia, que ocorra uma "investigação rápida, imparcial, crível e transparente" da ação militar.

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Protestos

Como no dia anterior, vários países condenaram hoje a ação israelense, qualificada pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, como "um massacre sangrento". Como a maioria dos mortos era formada por turcos, Erdogan disse que Israel deve ser "punido". A Turquia desistiu de uma simulação militar conjunta com os israelenses e, em protesto, convocou seu embaixador no país.

A Grã-Bretanha, a França, a Rússia e a China, quatro dos cinco membros permanentes do CS com poder de veto, pediram que Israel encerre o bloqueio na Faixa de Gaza. O quinto membro permanente é os Estados Unidos, que deram a entender que o bloqueio deve ao menos ser relaxado. As restrições à circulação em Gaza foram impostas por Israel em 2007 após o movimento islâmico Hamas tomar o controle do território.

A reação ao ataque israelense forçou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a cancelar uma visita que faria aos EUA, onde se encontraria com o presidente Barack Obama, em Washington. A Casa Branca lamentou as mortes e disse estar esperando que os fatos venham à tona, mas deixou claro que acredita que Israel pode realizar uma investigação completa e crível no caso.

Representantes da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se reuniram em Bruxelas para tratar do tema. Embaixadores da UE criticaram o uso da força por Israel e exigiram uma investigação imediata e imparcial. A China declarou estar "chocada" com as ações israelenses e disse estar pronta para apoiar uma resposta rápida no Conselho de Segurança.

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A Rússia também pediu a apuração dos fatos. O primeiro-ministro do país, Dmitry Medvedev, qualificou as mortes como algo "absolutamente injustificável". O presidente da UE, Herman Van Rompuy, qualificou-as como "inexplicáveis".

Missão internacional

Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU deve realizar hoje uma sessão especial para avaliar se cria uma missão especial internacional para apurar os fatos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também se declarou "chocado" com o caso e pediu que Israel se explique "urgentemente". Para o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, o que ocorreu foi um "massacre". O líder da Liga Árabe, Amr Moussa, disse que houve um "crime".

O Hamas pediu aos muçulmanos do mundo todo que protestem, enquanto o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, falou em "ação desumana do regime sionista". O presidente egípcio, Hosni Mubarak, condenou o "uso excessivo e injustificado da força", enquanto a Jordânia, única potência regional além do Cairo a ter um tratado de paz com Israel, enviou uma nota de protesto. Com informações são da Dow Jones.

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