O presidente da Bolívia, Evo Morales, pressionou nesta quarta-feira (24) seus adversários a aceitarem uma nova Constituição para o país, que poderia também incluir as reivindicações autonomistas das regiões governadas pela oposição.
O governo e a oposição negociam um fim para a crise que resultou em violentos protestos nas últimas semanas, com pelo menos 30 mortos em incidentes vinculados à situação política.
"São apenas pequenos grupos nas áreas do leste atacando a democracia e o Estado, mas isso está sendo resolvido, graças a esta participação", disse Morales a jornalistas após uma reunião sobre a crise na Bolívia com outros presidentes sul-americanos na sede da ONU em Nova York, onde ocorre a reunião anual da Assembléia Geral.
"Isso deve nos permitir sentar novamente a avançar. Os que rejeitam ou não querem garantir a aprovação da nova Constituição são inimigos do povo", disse.
A presidente chilena, Michelle Bachelet, disse que uma comissão sul-americana vai visitar a Bolívia na semana que vem para investigar os incidentes, inclusive um massacre de camponeses atribuído por Morales ao governador do departamento de Pando (norte).
Depois de receber apoio dos vizinhos em uma primeira cúpula sul-americana sobre a crise, Morales conseguiu neste mês atrair a oposição para o diálogo. Mas, quando tudo parecia pronto para um acordo, os governadores oposicionistas, que reivindicam autonomia para suas regiões, pediram mais tempo.
O processo deve ser retomado na quinta-feira, quando Morales volta à Bolívia.
"Sei que eles não estão dispostos, mas de uma forma ou de outra o povo vai obrigá-los a aceitar a aprovação da nova Constituição", disse Morales ao canal venezuelano Telesur, alertando que seus seguidores farão novos protestos.
A nova Constituição promovida por Morales dá mais poderes à maioria indígena, amplia a participação do Estado na economia e institui uma reforma agrária. A oposição direitista o acusa de tentar transformar o país numa nova Cuba.