As violentas enchentes que provocaram várias vítimas e muitos danos no sul da Ásia e na Europa neste ano ilustram a necessidade de se gastar mais na redução dos riscos representados pelos desastres naturais, afirmou na sexta-feira uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU).
Casas resistentes precisam ser construídas longe das áreas de baixa altitude e sistemas de alerta antecipado deveriam ser montados para salvar vidas segundo prevê um acordo assinado por 168 países em Kobe (Japão), em 2005, disse a agência Estratégia Internacional para a Redução de Desastres (ISDR).
"Isso não é algo complicado. Trata-se de construir casas mais resistentes, colocar em operação sistemas de alerta e educar as pessoas a fim de que não estejam nas áreas sujeitas a alagamentos quando esses ocorrerem", disse a repórteres, em Genebra, Reid Basher, especialista da ISDR.
As enchentes provocadas pela monções neste ano já mataram centenas de pessoas na Ásia e atingiram cerca de 30 milhões na Índia, em Bangladesh e no Nepal. As chuvas fortes também inundaram várias partes da Europa.
"Não podemos dizer que isso se deve às mudanças climáticas, mas temos certeza de que esse tipo de coisa se tornará mais frequente no futuro", afirmou Basher.
O Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), uma entidade da ONU que reúne centenas de especialistas, observou ter havido, nos últimos 50 anos, uma tendência de os eventos climáticos extremos tornarem-se mais comuns.
Em relatórios divulgados neste ano, o IPCC disse que fenômenos como as secas, as tempestades e as enchentes devem se intensificar como resultado do aquecimento global alimentado pela emissão de gases do efeito estufa decorrente de atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis.
Milhões de pessoas a mais devem enfrentar enchentes todos os anos até 2080 "como resultado das mudanças climáticas", afirmou a IDSR.
As enchentes responderam por 84 por cento das mortes ocorridas em desastres entre 2000 e 2005, bem como por 65 por cento dos 466 bilhões de dólares em prejuízos provocados pelos desastres entre 1992 e 2001, afirmou o órgão.
O acordo de Kobe é um projeto elaborado depois do violento tsunami ocorrido no oceano Índico em dezembro de 2004 e que matou 230 mil pessoas.