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Espionagem

Espanha convoca embaixador dos EUA após denúncia de espionagem

A Espanha convocou o embaixador dos Estados Unidos nesta segunda-feira (28) para discutir as acusações de espionagem norte-americana contra cidadãos espanhóis, e disse que, se comprovado, esse é um comportamento inaceitável entre países aliados.

O jornal espanhol El Mundo afirmou nesta segunda que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) recentemente rastreou mais de 60 milhões de telefonemas na Espanha no espaço de um mês, citando um documento que disse ser parte dos papéis obtidos pelo ex-prestador de serviços da NSA Edward Snowden.

"A Espanha transmitiu aos Estados Unidos a importância de preservar o clima de confiança... e seu interesse em compreender a extensão completa das práticas que, se verdadeiras, seriam consideradas inapropriadas e inaceitáveis entre aliados", disse o Ministério de Relações Exteriores espanhol em comunicado.

O governo espanhol também pediu aos EUA que forneçam mais dados da NSA, de acordo com a nota.

O comunicado foi divulgado depois de um encontro entre o secretário espanhol de Estado para a União Europeia, Íñigo Méndez de Vigo, e o embaixador dos EUA na Espanha, James Costos.

"Nós vamos continuar a conversar com os nossos aliados, como a Espanha, pelos nossos canais diplomáticos regulares, para abordar as preocupações que eles expressaram", disse Costos.

O presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou a revisão dos programas de vigilância do país depois que Snowden vazou documentos que causaram alarme nos EUA e no exterior.

Até agora a Espanha vem resistindo ao chamado da Alemanha aos 28 Estados membros da União Europeia para firmarem um "acordo de não espionagem", depois de relatos de que a NSA espionou o telefone da chanceler alemã, Angela Merkel.

O jornal El Mundo reproduziu nesta segunda-feira um gráfico que disse ser um documento da NSA mostrando que a agência espionou 60,5 milhões de telefonemas na Espanha entre 10 de dezembro de 2012 e 8 de janeiro deste ano.

O jornal informou ter fechado um acordo com o jornalista Glenn Greenwald, que mora no Brasil e tem trabalhado com outros órgãos da mídia para divulgar informações que lhe foram passados por Snowden, para ter acesso a documentos que afetam a Espanha.

Também com base nos vazamentos de Snowden, Greenwald já publicou denúncias sobre a espionagem dos EUA no Brasil, incluindo as comunicações da presidente Dilma Rousseff. Em resposta, Dilma cancelou uma visita de Estado que faria a Washington este mês.

Segundo o El Mundo, o rastreamento parece não incluir o conteúdo das ligações, mas sua duração e o local onde se realizaram.

Snowden vive atualmente na Rússia, fora do alcance das autoridades dos EUA, que querem prendê-lo.

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