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Os homens

João XXIII percebeu as mudanças do mundo e João Paulo II o percorreu

Mulher fotografa uma ilustração que reúne o papa Francisco e os dois beatos que serão santificados hoje, no Vaticano | Stefano Rellandini/Reuters
Mulher fotografa uma ilustração que reúne o papa Francisco e os dois beatos que serão santificados hoje, no Vaticano (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)

O momento é histórico para os católicos: dois papas conhecidos pelo grande carisma serão canonizados hoje, em uma única cerimônia celebrada pelo papa Francisco. Santificar João XXIII e João Paulo II juntos sinaliza o espírito de unidade da Santa Sé.

Angelo Roncalli e Karol Wojtyla enfatizaram temas distintos enquanto estiveram à frente da Igreja, mas ambos agiram no sentido da continuidade. Os dois papas estão unidos também pelo Concílio Vaticano II, evento fundamental para compreender os caminhos percorridos pela Igreja Católica no século 20.

De acordo com Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, "em uma ponta temos João XXIII, que tornou possível uma série de mudanças por meio do Concílio. Na outra, temos João Paulo II, em cujo papado de mais de 20 anos o Concílio foi cristalizado".

Convocado por João XXIII, em uma atitude surpreendente para aquele que era considerado um papa de transição devido à idade avançada, o Concílio Vaticano II promoveu a reforma estrutural – e não doutrinária – da Igreja.

Sensível

A sensibilidade de João XXIII para as mudanças de seu tempo o fez perceber que a estrutura pastoral não atendia mais às demandas sociais da época, e a Igreja deveria acompanhar essas transformações.

João Paulo II exerceu seu pontificado em um momento no qual as mudanças já tinham sido definidas, mas deveriam ser gerenciadas adequadamente, sem que a doutrina cristã fosse distorcida.

Assim, as prioridades do pontificado de cada papa diferem de acordo com o tempo em que viveram e as circunstâncias desse tempo. Para o padre José Lino Currás Nieto, "cada papa fez pela Igreja o que tinha de ser feito dado o contexto histórico e a formação que tiveram", acredita.

João XXIII e João Paulo II possuíam arcabouços conceituais distintos e tiveram uma formação cultural e religiosa diversa, por isso, corrobora Ribeiro Neto, seus pontificados "partiram de posições diferentes, e isso trouxe implicações culturais importantes em relação ao que cada um fez à frente da Igreja".

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