Continuando com gestos simbólicos, o papa Francisco determinou que sua missa inaugural, amanhã (19) de manhã, seja simplificada e encurtada, além de escolher um anel de prata em vez de ouro. A cerimônia deve reunir dezenas de milhares de fiéis diante da basílica de São Pedro e terá a participação de 31 chefes de Estado, entre os quais a presidente Dilma Rousseff e o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe.
A principal mudança se refere ao abandono do latim para a leitura do Evangelho. A língua morta vinha sendo revalorizada pelo antecessor, o papa emérito Bento XVI.Hoje, a leitura será apenas em grego, língua que simboliza a "unidade das igrejas do ocidente e do oriente", conforme explicou ontem o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
O grego é usado em algumas missas papais como indicação de que a Igreja Católica Apostólica Romana quer se reunir às igrejas orientais, separadas pelo cisma de 1054. O turco Bartolomeu 1º, o "papa" dos cristãos ortodoxos, participará da posse - é a primeira vez que isso ocorre desde a ruptura.
As outras mudanças para "encurtar" a missa, que terá cerca de 2 horas, incluem uma procissão mais curta e a promessa de obediência por seis cardeais -na inauguração de Bento 16, foram 12 cardeais.
O papa escolheu ainda seu anel de pescador - alusão à ocupação de São Pedro, o primeiro papa - em prata folhado de dourado. O anel de Bento XVI e de vários outros pontífices eram fabricados principalmente em ouro.
"O papa ama uma certa espontaneidade", afirmou o porta-voz, em seu encontro regular com a imprensa. Ele aconselhou os jornalistas a não ficarem presos apenas ao texto da homilia que será distribuída antes da missa, já que Francisco tem improvisado nas falas.
A caminho da cerimônia, Francisco passeará a bordo do papamóvel pela praça de São Pedro para saudar os fiéis. Essa aparição está prevista para as 9h locais (5h da madrugada em Brasília).
Desde que foi escolhido, na quarta-feira passada, Francisco tem dado vários gestos de que fará uma papado com menos pompa e protocolo em relação a Bento 16. No dia em que foi escolhido, por exemplo, recusou a limusine para ir de ônibus da basílica aos seus aposentos, juntos com os cardeais.
Para a cerimônia de hoje, chamada oficialmente de "inauguração do ministério petrino do bispo de Roma", vieram 132 comitivas de países e organizações. Várias religiões cristãs enviaram representantes, além de muçulmanos, judeus e budistas.
Um dos chefes de Estado é o católico Mugabe, que está proibido de entrar na União Europeia, mas foi autorizado pela Itália porque se trata de uma cerimônia no Vaticano, um Estado independente.
Lombardi esclareceu ontem que o Vaticano não convida ninguém, mas que todos os chefes de Estado que queiram comparecer à missa são bem-vindos.
Diferentes estilos
A escolha de um anel de prata não é a única diferença de estilo entre o papa Francisco e o papa emérito Bento XVI.Desde a primeira aparição pública, quando surgiu no balcão da praça de São Pedro, o novo papa exibiu um estilo mais sóbrio, com a batina, a capa e o solidéu predominantemente brancos.
A vestimenta destoa do vermelho vibrante e dourado usados por Bento 16 quando saiu para saudar pela primeira vez os fiéis, seguindo a tradição de muitos papas antes dele.
Outro detalhe que chamou a atenção na indumentária do novo pontífice foi sua cruz de ferro.
É a mesma que ele carrega desde que foi proclamado bispo de Buenos Aires. Segundo seus colaboradores, ele não a trocou quando passou a ser arcebispo e é possível que ele a mantenha durante seu pontificado.
Bento 16, ao contrário, seguiu a tradição e desde o dia em que assumiu o posto usou apenas cruzes de ouro, algumas delas muito ricamente adornadas.
Finalmente, outra diferença foi que os sapatos vermelhos utilizados por Bento XVI deixaram de ser usados pelo novo papa.
A cor vermelha foi uma antiga tradição do papado abandonada por João Paulo 2º e recuperada pelo papa emérito. O vermelho simboliza os mártires da igreja e o sangue de Jesus Cristo, e diziam que os de Bento 16 eram de uma marca de luxo.
O papa Francisco, nas aparições públicas que fez até agora, usou sapatos pretos, como João Paulo 2º.
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