O papa Francisco pediu a seus compatriotas argentinos, nesta sexta-feira (15), que não viajem a Roma para a missa na qual assumirá o papado e recomendou que utilizem o dinheiro que seria gasto na viagem para ajudar aos pobres, informou o Vaticano.
"Peço aos bispos e aos fiéis que não precisam fazer uma longa viagem, que seria muito caro, para vir a Roma, e que façam uma oferta, um ato de solidariedade com os pobres", disse o Papa por telefone ao núncio Emil Paul Tscherrig, segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. O papa Francisco se dirigiu nesta sexta aos cardeais antes da grade missa da próxima terça-feira (19) na presença de dirigentes de todo o mundo, em coincidência com o dia de São José, padroeiro da Igreja, na qual são esperadas um milhão de pessoas.
Em reunião com os prelados, seu único evento marcado para o segundo dia de papado, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi aplaudido pelos cardeais que participaram do evento, que contou inclusive com os maiores de 80 anos. Ele pediu aos cardeais que cedam menos ao pessimismo e busquem novos métodos de evangelização para atrair mais fiéis à Igreja Católica e levar o discurso a todas as partes do planeta. Na cerimônia na Sala Clementina, no Palácio Apostólico do Vaticano, disse aos cardeais que o conclave foi uma amostra de respeito do mundo pela Igreja Católica.
"Nos últimos dias, percebemos o efeito e a solidariedade da igreja universal, e também o interesse de muitas pessoas que não compartilham de nossa fé. De todos os modos, eles respeitam a nós e à Santa Sé".
Considerando a circunstância, o pontífice pediu que os prelados aproveitem para recuperar o papel da evangelização. "Não cedamos ao pessimismo e à amargura que o diabo nos oferece todos os dias. Tenhamos coragem de perseverar, de encontrar novos métodos de evangelização, de levar o Evangelho a toda a Terra".
Nesse sentido, incentivou os líderes da igreja a doar sua sabedoria aos mais jovens. "A metade de nós está na velhice. A velhice é a sede da sabedoria da vida, de ter percorrido a vida. Doemos essa sabedoria aos mais jovens, como um bom vinho, que melhora com a idade".
"Irmãos"
Francisco voltou a chamar os cardeais de irmãos e pediu a união do clero. "Somos irmãos, os cardeais são os sacerdotes do Santo Padre, vivamos essa comunidade, a amizade da proximidade fará bem a todos nós".
Ele ainda agradeceu seu antecessor, o papa emérito Bento XVI, que elogiou por ter "revigorado a igreja com bondade, fé, conhecimento e humildade". "Dedico-lhe um pensamento cheio de afeto e de profunda gratidão. Ele foi um intérprete humilde e paciente de seu ministério, um patrimônio espiritual para todos". O discurso aconteceu após uma mensagem de agradecimento do decano do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, ao novo papa, que se levantou para agradecê-lo pelo discurso, um gesto espontâneo e incomum.
Seguindo a imagem de simplicidade que passou, Francisco se vestiu com a túnica branca que marca o papado e a cruz de latão que usava desde quando era arcebispo de Buenos Aires. Nos próximos dias, o pontífice fará a oração do Ângelus, no domingo, e fará sua posse formal em cerimônia na terça-feira, dia de São José.