Enquanto transmitiam juntos segredos dos Estados Unidos à inteligência russa, os 10 agentes envolvidos na maior troca de espiões presos entre os dois países em 25 anos, representaram uma ameaça potencial para os EUA e receberam "centenas de milhares de dólares" da Rússia, afirmou neste domingo o procurador-geral norte-americano, Eric Holder, em entrevista ao programa "Face the Nation" da rede CBS de televisão.
"A Rússia considerava essas pessoas muito importantes para suas atividades de inteligência", disse Holder, que também defendeu a decisão dos EUA de permitir que os 10 agentes russos retornassem a seu país de origem em troca da liberação de quatro prisioneiros russos acusados de espionar para os americanos. Segundo o procurador-geral, o acordo de troca dos espiões "representou uma oportunidade de ter de volta quatro pessoas nas quais temos um grande interesse".
Holder também tentou minimizar a preocupação com o destino dos filhos dos agentes russos, dizendo que todos eles foram autorizados a regressar à Rússia de forma "consistente com os desejos de seus pais", ou, no caso daqueles que eram adultos ou quase adultos, eles foram autorizados a fazer suas próprias escolhas sobre onde viveriam. "As crianças têm sido tratadas, penso eu, de forma adequada", declarou o procurador-geral.
Na última quinta-feira, os dez acusados de espionagem confessaram o crime de "conspiração". Alguns deles também respondiam por lavagem de dinheiro. Mas a promotoria, seguindo orientação da Casa Branca, retirou as acusações. Todos estão proibidos de retornar aos EUA sem a autorização do Departamento de Justiça.
Após um acordo sigiloso, os Estados Unidos e a Rússia realizaram a troca dos espiões na sexta-feira, em Viena. A última troca desse porte ocorreu em 1985, quando 23 prisioneiros foram trocados em uma ponte em Berlim.
Os aviões levando os prisioneiros aterrissaram na capital austríaca e a troca ocorreu na própria pista do aeroporto. Em seguida, a aeronave que levava os agentes a serviço da Rússia seguiu para Moscou. Os acusados de espionagem para os EUA partiram para uma base militar norte-americana na Grã-Bretanha e no início da noite desembarcaram em Dulles, nos arredores de Washington.
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