Informação sobre voos fretados a Havana, em Miami: funcionários do governo americano vão avaliar a possibilidade de voos comerciais entre EUA e Cuba| Foto: Carlos Barria/Reuters

Para Amorim, asuência de regime comunista em cúpula é "anomalia"

ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que Cuba estar ausente da Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma "anomalia". Amorim fez o comentário antes da realização nesta semana da quinta Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, sem a presença da ilha comunista. Segundo o chanceler, as Américas precisam fazer um esforço para promover a inclusão de Cuba.

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Entrevista: "Medidas não são o suficiente"

Para o jornalista Reese Erlich, autor do livro Dateline Havana – A real história da política dos EUA e o futuro de Cuba ("dateline" refere-se à cidade onde uma reportagem é escrita), lançado no fim do ano passado, a abertura norte-americana em relação a Cuba, anunciada ontem, é insuficiente. Erlich, que vive nos EUA, afirma ainda que a política de Washington é hipócrita, alegando que os norte-americanos mantêm relações com ditaduras na África e na Ásia, mas não com Cuba. Confira trechos da entrevista concedida à Gazeta do Povo, por telefone.

Entenda os 47 anos de embargo comercial à Cuba

Nova Iorque - O governo americano anunciou ontem o fim das restrições para que familiares de cubanos vivendo nos EUA possam viajar a Cuba e enviar dinheiro ou artigos como produtos de higiene, roupas e outros "presentes’’ a moradores da ilha.

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Empresas americanas de telecomunicações também foram autorizadas a realizar licenciamentos em Cuba para implementar serviços de telefonia fixa e celular, transmissão de tevê via satélite e internet.

Embora o embargo comercial que já dura 47 anos não tenha sido levantado, as medidas anunciadas abrem a possibilidade de voos comerciais regulares serem restabelecidos com a ilha. Hoje, são permitidos apenas voos fretados. Existe cerca de 1,5 milhão de norte-americanos com parentes vivendo em Cuba.

"A conexão dos cubano-americanos com familiares em Cuba não só é um direito básico no sentido humanitário mas também nossa melhor ferramenta para ajudar a fomentar o início de uma democracia de base na ilha’’, diz o comunicado da Casa Branca, que sublinha o desejo por uma Cuba "que respeite os direitos básicos, econômicos e políticos de todos os cidadãos’’.

Sob a nova política, cubano-americanos poderão viajar livremente à ilha e enviar quantias de dinheiro sem limites a seus familiares. A única restrição que persiste nesse aspecto é que o governo dos EUA procurará se certificar de que as quantias não serão encaminhadas para o governo cubano ou para o Partido Comunista.

Não foi detalhado como exatamente o governo dos EUA poderá controlar isso.

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Inicialmente, as maiores empresas de telecomunicações dos EUA não comentaram as mudanças e as novas oportunidades de negócios que elas significam. Mas as decisões provocaram altas significativas na Bolsa de Valores de Nova Iorque em ações de empresas que podem vir a se beneficiar com as medidas, como companhas aéreas, de cruzeiro marítimo e até de mineradoras canadenses com interesses em Cuba.

"O presidente (Obama) está tomando essas medidas no sentido de ajudar os cubanos a conquistar direitos humanos básicos’’, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, sobre a decisão. Não foi anunciada, porém, nenhuma medida que indique uma aproximação política entre os governos dos dois países.