Em cinco anos, Nicolas Sarkozy deixou de ser um político que conquistou a França com discursos enérgicos, nos quais prometia colocar dinheiro no bolso dos trabalhadores, para se tornar o mais impopular presidente a tentar a reeleição na história do país. Em 2007, o conservador Sarkozy atraiu eleitores jovens, operários e centristas com uma campanha agressiva e com a determinação de alcançar o poder apesar de ser filho de um imigrante húngaro e de não ter tido a mesma formação elitista de outros políticos. Na sua dura batalha para conquistar um segundo mandato em 6 de maio, o jeito impetuoso e agressivo que tanto ajudou Sarkozy há cinco anos desta vez não está seduzindo o eleitorado francês - muito pelo contrário. Sua popularidade atual é a mais baixa desde o começo do mandato. O presidente lidou com habilidade com uma série de crises internacionais recentes, mas as preocupações econômicas do eleitorado parecem pesar mais. Uma pesquisa do instituto Ifop publicada uma semana antes do primeiro turno da eleição, que será no domingo, mostrou que 64 por cento dos entrevistados estão descontentes com a atuação dele, contra apenas 36 por cento de satisfeitos. O único outro presidente francês a tentar a reeleição com um grau de aprovação tão baixo foi o conservador Valery Giscard d'Estaing, que tinha apenas 40 por cento de poio quando foi derrotado pelo socialista François Mitterrand em 1981. Aos olhos de muitos eleitores, o maior fracasso de Sarkozy é que, ao invés de acabar com a praga do desemprego, como ele prometeu apaixonadamente, os pedidos de seguro-desemprego cresceram em 750 mil, atingido seu maior nível em 12 anos, devido à crise econômica. As principais reformas aprovadas pelo presidente - elevar a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos, abrandar a jornada semanal de 35 horas de trabalho, dar mais autonomia às universidades e alterar o sistema tributário para incentivar as horas extras e a propriedade imobiliária - de pouco serviram para lhe dar crédito entre os eleitores. Em sua campanha deste ano Sarkozy promete reformar o mercado trabalhista e o sistema tributário para estimular a indústria e a geração de empregos. Ele também propõe reduzir a imigração legal pela metade, e convocar referendos para aprovar medidas importantes. Propostas à parte, muitos franceses dizem sentir repulsa pelo estilo pessoal insolente do presidente, e podem votar mais para se livrar de Sarkozy do que por entusiasmo pelo candidato favorito, o socialista François Hollande. Eleitores de centro se sentem especialmente alienados pelas posições radicais que Sarkozy adota com relação à imigração e à integração europeia, numa estratégia para tentar conquistar os votos de eleitores do partido ultradireitista Frente Nacional. Até mesmo os simpatizantes dele se sentem incomodados com a publicidade que cercou o fim do seu casamento, após poucos meses de mandato, e o espalhafatoso namoro com a supermodelo Carla Bruni, que viria a se tornar sua terceira mulher. "Cometi um erro" Sarkozy, de 57 anos, recentemente pediu desculpas pelos rompantes do começo de mandato, e admitiu ter passado uma imagem errada ao comemorar a vitória eleitoral de 2007 com amigos milionários em um restaurante chique, e ao tomar emprestado um iate de um empresário. Ele manifestou arrependimento por ter tentado garantir um cargo público para o seu filho universitário e por ter batido boca com um pescador que o insultou, em 2007, durante uma acalorada discussão por causa do preço do combustível. Ele prometeu ser um presidente diferente se for reeleito. "Cometi um erro", disse ele ao canal de TV France 2, sobre o incidente com o pescador. "Quando alguém me insulta, eu não gosto, mas como presidente eu não deveria ter reagido assim." Isso não adiantou para melhorar sua popularidade, e muitos eleitores que votaram nele sem maior compromisso em 2007 afirmam que desta vez vão votar em branco ou na esquerda. Advogado de formação, Sarkozy, construiu sua base política como prefeito do rico subúrbio parisiense de Neuilly, e angariou atenção nacional ao entrar numa creche para resgatar crianças sequestradas por um homem apelidado de "Bomba Humana". Tornou-se braço-direito do primeiro-ministro Edouard Balladur, como ministro do Orçamento entre 1993 e 95, e como porta-voz da sua malfadada campanha presidencial, dando as costas ao seu mentor, Jacques Chirac. Depois que Chirac ganhou a eleição em 1995, Sarkozy passou sete anos no limbo político. Voltou como um duro ministro do Interior de 2002 a 2007, com um intervalo na pasta das Finanças entre 2004 e 2005. Nesse período, a contragosto de Chirac, conquistou o controle do partido governista UMP. Quando explodiu a crise financeira global de 2008, Sarkozy adotou um tom anticapitalista, prometendo punir especuladores e defendendo um forte papel do Estado na economia. Ele liderou a reação europeia e ajudou a criar as cúpulas do G20 (grandes economias mundiais), dando mais voz às grandes nações emergentes. Sarkozy melhorou as relações com os EUA, colocando forças francesas no comando militar da Otan pela primeira vez desde 1966. Negociou um cessar-fogo na breve guerra de 2008 entre Rússia e Geórgia e comandou a ação militar ocidental na Líbia no ano passado. Ridicularizado por seus saltos plataforma e por seu jeito agitado, o diminuto Sarkozy tenta parecer mais presidencial, mas recentemente escorregou em agressivas discussões com jornalistas e adversários políticos.
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