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Turbulência

Estudo vê predomínio de guerras em áreas com ecossistemas ricos

A maioria das guerras no último meio século aconteceu em lugares que abrigam alguns dos ambientes biologicamente mais diversos e ameaçados do mundo, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira (20).

Isso inclui a guerra do Vietnã, quando o uso do desfolhante químico Agente Laranja destruiu a cobertura florestal, e a venda de madeiras que financiou guerras na Libéria, no Camboja e na República Democrática do Congo, segundo um estudo na revista científica Conservation Biology.

Entre 1950 e 2000, 81 por cento dos grandes conflitos armados aconteceram em regiões consideradas "hot spots" (áreas mais relevantes e vulneráveis) da biodiversidade. Ali vivem populações inteiras de mais de metade de todas as espécies vegetais e de pelo menos 42 por cento de todos os vertebrados, segundo o estudo.

Nesse período, houve conflitos armados em 34 dos 23 "hot spots" do mundo. Mais de 90 por cento das grandes guerras (que resultam em mais de mil mortes) ocorreram em países que contém pelo menos um "hot spot", segundo o estudo.

Esses centros de vida ameaçada costumam estar localizados em países pobres e densamente povoados, o que mesmo em tempos normais já gera pressões sobre o meio ambiente, disse Russell Mittermeier, um dos autores do estudo, por telefone.

"Vemos uma plataforma muito frágil da qual a vida humana e outras dependem", disse Mittermeier. "E qualquer ligeira perturbação por razões políticas ou quaisquer outras resulta em um estresse dentro das populações humanas. E muito frequentemente isso explode em conflitos violentos."

A presença de refugiados de guerra nos "hot spots" ambientais e nos seus arredores agrava o problema representado pela caça, retirada de lenha e ocupação por acampamentos.

Mittermeier, presidente da ONG Conservação Internacional, citou Madagascar como exemplo de lugar onde o conflito atualmente ameaça a biodiversidade.

"Temos de estar preparados para responder e persistir durante momentos de turbulência política, porque não ficará sempre estável", disse o biólogo Michael Hoffmann, também da Conservação, que participou do estudo.

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