Lições do Katrina
Aposta na prevenção evitou tragédia maior
Nova York - As lições aprendidas na catástrofe causada pelo furacão Katrina em Nova Orleans, em 2005, e na tempestade de neve que paralisou Nova York no final de dezembro de 2010 fizeram as autoridades norte-americanas apostarem alto na prevenção dos estragos do furacão (depois tempestade tropical) Irene.
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que estava nas Ilhas Bermudas no dia 26 de dezembro, quando a cidade foi apanhada de surpresa por uma nevasca para a qual a administração municipal não se preparara, desta vez assumiu a liderança. Bloomberg apareceu na tevê em diversos pronunciamentos orientando os cidadãos, visitou unidades dos bombeiros e centros de desabrigados, mobilizou recursos e comandou a evacuação de áreas de risco onde vivem 370 mil pessoas.
Ontem, a cidade de Nova York começou a voltar ao normal, com o metrô retomando a atividade às 5h40. Alguns atrasos foram registrados no início da manhã, mas todas as 22 linhas voltaram a funcionar.
Os aeroportos JFK, LaGuardia e Newark reabriram para pouso às 6 h e, para decolagem, ao meio-dia, mas ainda havia muitos atrasos, já que cerca de 10 mil voos foram cancelados no fim de semana.
Os dois voos regulares da TAM saindo do JFK para o Rio e para São Paulo no domingo foram cancelados, mas a empresa programou quatro voos extras hoje. A United-Continental informou que voltaria a operar voos, de São Paulo a Nova York, ainda na noite de ontem. A American Airlines vai retomar hoje voos de Nova York para o Brasil, mas não informou quando retomará decolagens do Brasil para os EUA.
Agência O Globo
Nova York - Apesar de ter sido mais fraca do que o esperado, a passagem do furacão Irene pela costa leste norte-americana matou ao menos 38 pessoas. Ontem, cerca de 4 milhões continuavam sem luz e perdas precisavam ser contabilizadas.
O número de mortos, em dez estados, cresceu depois que corpos foram retirados de áreas inundadas. Grande parte da preocupação está relacionada aos Estados de Vermont e Nova Jersey. A maioria das mortes ocorreu por causa de quedas de árvores, acidentes de trânsito e inundações.
As estimativas dos prejuízos variam de US$ 2,6 bilhões (R$ 4,1 bilhões) a US$ 10 bilhões (R$ 16,1 bilhões). Autoridades federais ainda calculam as perdas estradas, pontes e residências foram destruídas.
Em comparação, a passagem do furacão Katrina por Nova Orleans em 2005 provocou prejuízos superiores a US$ 70 bilhões (R$ 112,3 bilhões).
"Eu acho que o estrago é muito menos duro do que o temido e o impacto econômico será, portanto, bem menor do que as pessoas previam", avaliou ao jornal Los Angeles Times Mark Zandi, economista-chefe da Moodys Analytics.
O presidente norte-americano, Barack Obama, disse que as cifras poderiam ter sido muito maiores se não tivesse havido preparação e coordenação da Fema (agência federal de emergências) junto com outros funcionários de emergência.
"Esse esforço foi um exemplo de como um bom governo em todos os níveis deve responder às necessidades das pessoas e trabalhar para mantê-las seguras e proteger e promover a prosperidade da nação", disse ele.
O furacão Irene passou por Manhattan, em Nova York, no domingo, mas reservou a pior de sua fúria para cidades e subúrbios do nordeste dos EUA, onde fortes chuvas e enchentes inundaram casas e cortaram o fornecimento de energia para milhões de pessoas.
Vermont foi um dos mais atingidos e enfrenta as piores enchentes na região em quase 40 anos, alagando estradas e derrubando a energia.
O governador de Vermont, Peter Shumlin, disse que seu Estado estava em uma "situação difícil". O governador de Nova York, Andrew Cuomo, advertiu sobre a "tremenda cheia" na área das Montanhas Catskill, ao norte de Manhattan. Em New Jersey, o governador Chris Christie disse que rodovias estavam "intransitáveis" em algumas áreas, e em boa parte do Estado havia "cheias significativas". Enchentes localizadas ocorreram no sul e leste de Manhattan.
Ao chegar à costa leste, o Irene perdeu força e se transformou em tempestade tropical. Antes era classificado na categoria 1 (escala Saffir-Simpson de 1 a 5).