Os EUA consideram as ameaças da Rússia sobre estacionar mísseis táticos no enclave báltico de Kaliningrado como um gesto provocativo e mal orientado, afirmou nesta quinta-feira (13) o secretário norte-americano da Defesa, Robert Gates.
A Rússia anunciou a manobra em resposta ao plano dos EUA de montar um sistema de defesa antimíssil na Europa, algo que o governo russo considera ser uma ameaça a sua segurança. O governo norte-americano diz que o sistema é necessário para evitar eventuais ataques com mísseis vindos de "países inamistosos", em especial o Irã.
Gates, em declarações dadas em um encontro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) com a Ucrânia, disse que as ameaças russas "não eram de forma nenhuma as boas-vindas que um novo governo norte-americano merecia". O secretário referia-se ao fato de o anúncio ter surgido pouco depois de Barack Obama ter vencido as eleições presidenciais nos EUA.
"Declarações provocativas desse tipo são desnecessárias e mal orientadas", afirmou Gates em uma entrevista coletiva concedida na capital da Estônia, Tallinn.
O secretário acrescentou que o governo norte-americano, apesar disso, tentaria buscar uma relação construtiva e positiva com a Rússia.
O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse ao jornal francês Le Figaro, em uma entrevista publicada nesta quinta-feira, que seu governo cancelaria a instalação de mísseis Iskander em Kaliningrado se Obama abortasse os planos de construção do sistema de defesa em território europeu.
"Não acredito que essa seja uma oferta digna de crédito", disse Gates, acrescentando que os EUA apresentariam à Rússia propostas detalhadas de parceria no sistema de defesa antimíssil.
"Francamente, eu não sei bem para que serviriam os mísseis colocados em Kaliningrado. Afinal de contas, a única ameaça emergente na periferia da Rússia é o Irã e, segundo me parece, o míssil Iskander não tem raio de ação suficiente para chegar lá", afirmou.
"Sendo assim, essa é aparentemente uma questão entre nós e os russos. E, na minha opinião, é algo bastante intrigante o fato de eles ameaçarem apontar mísseis para países europeus", acrescentou.